Pode cair a "Decisão 171"

Você recebe telefonema do gerente do banco onde tem conta. Ele lhe pergunta sobre um cheque seu. Há um problema na assinatura. Você confirma que o cheque é seu, diz que ele pode pagar. Mas ele diz que não vai fazê-lo, porque a assinatura não confere.
Absurdo? Algo semelhante a isso aconteceu na já famosa "Decisão 171", a que prorroga a CPI dos Correios até abril. O deputado Francisco Dornelles (PP-RJ) havia assinado o requerimento a favor da prorrogação. Depois mudou de idéia e enviou por fax solicitação para que seu nome fosse retirado da lista. Mas as assinaturas eram diferentes, e mesmo o deputado confirmando que o fax era dele, isso não foi levado em conta e seu voto pela prorrogação continuou valendo. Só este voto já levaria a vitória para o lado do governo.
Mas há mais: dois deputados assinaram a lista. Mas às 23h37min protocolaram pedido para que seus nomes fossem retirados. E foram dormir tranqüilos. Só que a oposição tinha uma carta na manga. Até aquele momento, não havia protocolado as assinaturas dos dois "a favor" da prorrogação. O fizeram às 23h59min. Como o último documento é o que vale, os votos dos dois acabaram ao lado da oposição, ou seja, a favor da prorrogação. Mesmo não sendo esse o desejo de ambos.
Agora, um deles, o deputado federal Carlos Willian (PMDB-MG), ameaça entrar com uma ação judicial para retirar sua assinatura do requerimento. Deve fazê-lo mesmo. Aliás, a "Decisão 171" deveria ser anulada e feita nova votação em Plenário. Por que protocolos? Convoquem-se os nobres excelentíssimos deputados para votar, ao vivo, de preferência declarando o voto. Assim ninguém pode reclamar depois.