O Livro Branco do PSDB

O PSDB tem uma publicação chamada Livro Branco, onde, teoricamente, o partido mostra que não tolera a corrupção.
A respeito de Ricardo Sérgio de Oliveira, o homem que cuidou das finanças de campanhas de Serra e FHC, o documento assume esta defesa “veemente”:

O ex-diretor do BB é alvo de duas acusações assemelhadas: ter cobrado ou tentado cobrar propinas milionárias de grupos vitoriosos nas privatizações da Telebrás e da Vale. Segundo o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, Ricardo Sérgio teria exigido dos sócios privados da Telemar uma “comissão” da ordem de R$ 90 milhões. Segundo a imprensa, ele teria recebido R$ 50 milhões, rateados em partes iguais de R$ 12,5 milhões pelos quatro sócios.
A acusação do ex-senador foi feita em depoimento à Polícia Federal, no inquérito aberto em setembro de 2001 para apurar irregularidades na privatização da Tele Norte Leste, o “grampo” no BNDES e a divulgação das fitas. O inquérito terminou três meses depois e suas conclusões foram enviadas à Justiça. Ricardo Sérgio entrou com uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal contra o então senador Antonio Carlos Magalhães. Com a sua renúncia, o processo foi enviado à Justiça paulista, pois, conforme parecer do procurador-geral da República, de junho de 2001, as alegadas declarações ofensivas foram veiculadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Na Justiça Federal do Rio de Janeiro tramita em segredo de justiça uma ação civil pública por improbidade contra o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio, resultante de inquérito civil público aberto em agosto de 1998 e concluído em maio de 1999. O Ministério Público Federal demanda o fim do sigilo do processo.
No caso da Vale, a imprensa noticiou em maio de 2002 que o empresário Steinbruch, ex-presidente do conselho de administração da companhia, teria se queixado ao ex-ministro Mendonça de Barros e ao titular da Educação, Paulo Renato Sousa, de que Ricardo Sérgio o estaria pressionando para que pagasse os R$ 15 milhões que lhe deveria por ter o ex-diretor do BB agregado os fundos de pensão estatais ao consórcio de Steinbruch que disputava e, afinal, arrematou a Vale.
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O Ministério Público e a Corregedoria-Geral abriram investigações sobre ocaso. A CGU informou que as suas diligências verificarão “a efetiva existência de lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio público”; em caso afirmativo, o órgão promoverá “a devida responsabilização administrativa dos seus autores e o cabal ressarcimento do prejuízo aos cofres públicos”. A CGU também pediu ao procurador-geral da República as evidências levantadas pelo Ministério Público“ que acaso se revelarem úteis à responsabilização administrativa ou civil, no âmbito do Poder Executivo”.
Mais uma vez, diante de um episódio apresentado como escabroso à opinião pública, com insinuações de favorecimento e tráfico de influência no âmbito da administração federal, as instituições adequadas para lidar com a matéria entraram em ação sem demora – e sem serem tolhidas por qualquer autoridade.

Como se vê pelo Livro Branco, o PSDB tira da reta e deixa tudo nas mãos da Justiça. Que pelo menos em um caso já se pronunciou: Ricardo Sérgio foi condenado pelo juiz Cloves Barbosa de Siqueira a sete anos de cadeia, junto com a diretoria e o presidente do Banco da Brasil à época de FHC, por gestão temerária e desvio de crédito relacionados ao caso da construtora Encol.
Não existe uma linha sequer afirmando que qualquer das acusações era infundada. Quanto a dizer que o governo deixou tudo nas mãos da Justiça sem interceder, isto não é verdade. O delegado Deuler da Rocha Gonçalves foi afastado do caso inesperadamente.
O motivo dessa substituição você vai saber aqui no blog, amanhã. Não perca. Vale a pena.