Cena carioca: 'Lula não', 'Lula sim', no Bracarense

Domingo é o dia em que muitos religiosos vão a suas igrejas. Alguns, a mais de uma. Também é o meu caso. Mas, como não sou religioso, faço uma peregrinação por lugares freqüentados por outros devotos.

Não havia notado nenhuma modificação em nenhum desses locais, até que cheguei ao Bracarense, no Leblon. Estava cheio, como de hábito. E, nele, havia algumas pessoas com camisetas pretas, onde era possível ler "Lula não", em letras brancas. Percebi que em várias outras mesas havia outras tantas pessoas com camisetas brancas, onde se lia "Lula sim", em letras vermelhas. Mas todos tomavam seus chopes e comiam seus salgados, tranqüilamente. Até que chegou um novo grupo de camisetas brancas. Foi recebido com uma sonora vaia pelos camisetas pretas.

Começou então uma cena que, acho, só poderia acontecer no Rio, e talvez apenas no Bracarense. Os dois grupos começaram a trocar insultos e palavras de ordem, mas mantendo o bom humor. E, logo, os freqüentadores estavam divididos, mais ou menos como apontam as pesquisas, 57% "Lula sim", 43% "Lula não".

- Uuuuuuuuuu! - vaiaram os camisetas pretas.
- Sanguessuga! Sanguessuga! - responderam os camisetas brancas.
- Bandido! Bandido!
- Ão, ão, ão! A Daslu vai perder para o sertão!
- Ladrão! Ladrão! Lula não!
- Lula sim! Lula sim! Porque não penso só em mim.

Depois, voltaram a seus chopes. E eu a minha peregrinação. Era por volta das cinco da tarde.

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