Casal Garotinho e César Maia: - 'Mãos ao alto, Rio!'



Finalmente o casal Garotinho e o ex-prefeito do Rio, ainda no exercício do cargo, César Maia, conseguiram transformar nossa cidade numa São Paulo. Mas não naquilo que São Paulo tem de bom e grandioso - porque isso seria demais para a visão estreita dos três -, mas naquilo que a capital paulista tem de pior.

É só recordar: há uns dez anos, quase nenhum prédio do Rio era cercado por grades. Os engarrafamentos não aconteciam a qualquer hora do dia, como hoje. Mas os três conseguiram. Agora, importamos a moda dos ataques a quartéis, delegacias e policiais, como acontece em São Paulo com o PCC.

Muito se fala na culpa do casal Garotinho. E com razão. E ela não é pouca. Nos seguidos desgovernos do casal, a segurança pública no Rio vem se deteriorando a corpos vistos. Com a cumplicidade da Assembléia Legislativa. Vivemos na cidade dominada pelo tráfico de drogas, e agora pelas milícias paramilitares. Quartéis e delegacias de polícia leiloados entre políticos. Um deles - de sobrenome comprometedor - é dono das delegacias, postos policiais e batalhões de uma extensa área, que vai até Araruama, na região dos Lagos.

Por isso, o jogo de bicho corre solto nas ruas, embora proibido. Os caça-níqueis proliferam, embora proibidos. Os flanelinhas achacam, extorquem impunemente, embora proibidos. Eles garantem o dinheiro a mais do guarda, que é distribuído às delegacias, postos e batalhões, até chegar ao destino final: políticos.

Mas o casal Garotinho já recebeu da cidade a devida resposta nas urnas. Aqui, eles não se elegem nem síndicos. Mas há a outra ponta desse triângulo nefasto, sobre a qual pouco se fala. E que, aliás, toda vez que acontece uma desgraça como a de ontem, trata de deitar falação, como se nada tivesse a ver com a história. Falo logicamente do burocrata-mor, da figura mais nefasta que esteve à frente da prefeitura do Rio, e que só o tempo mostrará tudo o que de ruim ele deixou como herança para nós: o inacreditável ex-prefeito, ainda no exercício do cargo, César Maia.

César Maia vem tentando destruir o Rio, desde o primeiro dia de suas múltiplas administrações. Disfarçado de administrador competente, ele se esmera em destruir os valores e as belezas da cidade, com a tranqüilidade arrogante dos tecno-burocratas. Criou uma guarda municipal que não serve para absolutamente nada, a não ser caçar esporadicamente camelôs ou multar carros. Um grupo incapaz de auxiliar uma velhinha a atravessar a rua, e que a tudo responde com um "não é nossa responsabilidade".

César Maia destruiu as históricas calçadas de Copacabana. Arrasou as de Ipanema, onde ainda permitiu um obelisco infame e inútil, em frente a uma passarela que liga nada a lugar algum, que podem ser considerados símbolos de todas as administrações do alcaide. Fez o mesmo com o Leblon. Tudo isso numa penada só, sob acusação - nunca devidamente explicada - de que só teria autorizado as obras para permitir o cabeamento do filé mignon da cidade pela NET, das Organizações Globo.

Tentou acabar com o carnaval de rua, o que só não conseguiu porque os blocos de bairros se unem e correm atrás de patrocínios. Pôs fim à tradicional decoração do centro da cidade, especialmente na Avenida Rio Branco - coração do carnaval de rua da cidade -, desde que teve proibido o patrocínio ilegal de uma operadora de telefonia, que produziu um dos maiores monstrengos visuais de que se tem notícia. Não satisfeito, entregou aos bicheiros a administração dos desfiles das escolas de samba.

Tentou nos enfiar goela abaixo o projeto do museu Guggenheim. Agora, faz o mesmo com a marina da Glória. Loteou a areia das praias. Autoriza propaganda na orla - o que é proibido. Graças a ele, tivemos a garrafa monstro da Coca-Cola na enseada de Botafogo. Agora, temos a árvore de Natal da Lagoa anunciando ilegalmente o banco que a patrocina (em boa parte com recursos públicos). Tudo isso, com apoio explícito de César.

Saúde, sinalização das ruas, asfaltamento - tudo caindo aos pedaços, enquanto o ex-prefeito dedica-se a palpitar sobre marketing político e a produzir zumbis, que apóia de dois em dois anos em eleições majoritárias.

César não gosta do Rio. Tanto que geralmente passa o carnaval fora da cidade. Aliás, não existe ninguém menos carioca que o encasacado e burocrático prefeito. Agora mesmo passaria o reveillon na Disney (é mole?!). Só mudou de idéia e resolveu ficar na cidade para faturar politicamente a desgraça dos outros - a nossa desgraça.

Que a cidade não se esqueça dos três nunca mais. Ou melhor: que os apague da memória para sempre.

Enquanto isso, nós, cariocas de todos os lugares do planeta, que amamos esta cidade, comemoremos a passagem de ano com a paz e a alegria de sempre, e que 2007 seja melhor para todos.

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