Algo no ar, além da CPI dos aviões de carreira

Todo mundo sabe que quem entende de apagão é o ex-presidente FHC. Foi sob sua presidência que os brasileiros tiveram que desenterrar fogareiro jacaré, pacotes de velas, lamparinas. Houve racionamento de energia, bônus para os que diminuíram consumo, o diabo.

Agora a oposição quer dar o troco. Chamam de apagão a tal crise no setor aéreo – misteriosamente iniciada logo após o acidente da Gol, provocado por um jatinho pilotado por dois norte-americanos –, e acham que a medida capaz de resolver o problema é a criação de uma CPI.

Contratar mais controladores, treiná-los melhor. Nada disso, CPI. Mais e melhores equipamentos, também não serve: CPI. Agilidade para pagar as indenizações às famílias das vítimas no acidente, isso pode esperar. O negócio deles é CPI.

Criaram até um endereço eletrônico para que as pessoas assinem um manifesto a favor da tal CPI do Apagão. Nele, afirmam que não querem “fazer desse drama um palanque político, mas resolver rápida e honestamente o problema”.

Bobagem. Isso é tudo o que eles querem: fazer do problema nos aeroportos um palanque político e empurrar a solução do problema com a barriga da CPI. Isso foi anunciado por um de seus teóricos, o ex-prefeito do Rio ainda no exercício do cargo, César Maia, conforme publiquei aqui:

César Maia confessa: o objetivo da oposição é derrubar o governo

Em seu ex-blog de ontem o ex-prefeito do Rio, ainda no exercício do cargo, César Maia, confessa com todas as letras que o objetivo da oposição não é ajudar o país nem melhorar a vida da população, é derrubar o governo Lula. Inclusive dá a receita:

A oposição deveria assistir o premiado documentário da luta de Cassius Clay na África anos atrás. Ou qualquer luta equilibrada entre pesos pesados. Se tentar nocautear o governo de saída pode ser nocauteado. Deve ir tirando a resistência do governo através de golpes sistemáticos no fígado e no baço. Girando em torno do governo e desgastando-o sempre e continuadamente.
Com isso acelera o necessário desgaste do governo e o inevitável conflito interno um quadro inorgânico como o brasileiro.
O tempo da oposição começa no segundo ano de governo. Aí já poderá levar o governo a lona por alguns segundos. Mas para isso deve tê-lo desgastado nos primeiros rounds. A CPI do Apagão deve ter este foco. Não é a batalha final. E não pode ser tratada assim. A ela vão se somando outras e sucessivas: a emenda número 3, o leque de gastos sem licitação do governo e o TCU está cheio deles auditados, as prorrogações da DRU e da CPMF, etc... e tal... progressivamente.