Agenda-setting. A grande mídia não quer informar, mas enformar

Há algum tempo tenho lançado algumas provocações, a partir dos antibanners, que hoje radicalizo (mas, calma, é por pouco tempo a poluição visual. Ela é necessária). O objetivo é denunciar e mudar o rumo da pauta imposta pela grande mídia.

Os temas para isso são: agenda-setting e espiral do silêncio. Vou a algumas postagens sobre eles. Quem quiser colaborar, seja bem-vindo.

Tudo isso em função de uma idéia que me veio à cabeça, e que estou pensando em chamar de Correspondentes de Guerra. São pessoas de várias partes do Brasil, mas especialmente dos estados do Sul, e também de São Paulo, que me enviam links, materiais, comentários diários, via e-mail, e que não querem, pelos mais variados motivos, ter seus nomes divulgados. Curiosamente, todos são homens.

Também curiosamente, há três “correspondentes de guerra” que estão no exterior, e todas são mulheres: uma está nos EUA, a outra em Londres e a terceira, em Barcelona.

Com este blog, que tem como lema “direto do Rio, remando contra a maré”, têm em comum um olhar diverso e crítico em relação à pauta diária da grande mídia.

Mas antes de entrar com eles, vamos falar de agenda-setting. Tema que tem tudo a ver com o que penso da grande mídia: eles não querem informar, mas enformar.

Leiam esta postagem da turma de Jornalismo da Faculdade do Minho, Portugal:

Sobre a teoria do agenda-setting: dois textos de apoio

Duas leituras que ajudam a reflectir sobre os pressupostos da teoria:

O Mundo Lá Fora e as Imagens nas Nossas Mentes

"Há uma ilha no meio do oceano onde, em 1914, habitavam alguns ingleses, franceses e alemães. Não existia qualquer cabo de comunicações que chegasse a esse sítio e o barco-correio a vapor britânico aportava ali apenas de 60 em 60 dias. Em Setembro desse ano ainda não tinha vindo e os habitantes continuavam a conversar entre si acerca do último jornal que tinham recebido, que abordava a aproximação do julgamento de Madame Caillaux por ter abatido a tiro Gaston Calmette. Era, assim, com uma grande e especial sede de notícias, que a colónia se juntou no cais, num dia de meados de Setembro para saber do capitão qual tinha sido a sentença. Aquilo que vieram, porém a saber foi que há mais de seis semanas os que ali estavam que eram ingleses e os que eram franceses tinham entrado em guerra contra os alemães, por causa dos tratados que tinham assinado. Durante seis estranhas semanas tinham agido como se fossem amigos, quando de facto eram inimigos.
Mas a sua desventura não era, afinal, muito diversa da maior parte da população da Europa. Enquanto que o seu erro tinha sido de seis semanas, no continente o intervalo havia sido de seis dias ou seis horas. (...) Houve um momento em que o retrato da Europa segundo o qual as pessoas continuaram a levar a sua vida como era costume não tinha correspondência com aquilo que iria provocar uma reviravolta nas suas vidas. Tinha havido um tempo para cada homem em que ele se ajustava a um meio-ambiente que já não existia. Em todo o mundo, e até ao dia 25 de Julho anterior, as pessoas tinham andado a produzir mercadorias que não seriam capazes de vender, a comprar bens que não conseguiriam importar, a planear trajectórias e empreendimentos, a alimentar esperanças e expectativas - todos na convicção de que o mundo conhecido era o mundo real. (...) Quatro anos depois aconteceu algo de semelhante, quando foi assinado o armistício. Até ele ser sido conhecido e tornado efectivo, muitos milhares de jovens morreram ainda no campo de batalha, actuando como se a guerra se mantivesse efectiva. (...)
Olhando retrospectivamente, podemos constatar quão indirectamente conhecemos o meio no qual, contudo, habitamos. Podemos ver que as notícias que dele temos nos chegam ora rápida ora lentamente: porém, aquilo que acreditamos ser o verdadeiro retrato da situação é tomado como a própria situação".

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