Briga de pilotos com sistema Fly-By-Wire do Airbus da TAM pode ter causado o acidente

Como afirmei logo após o acidente, o conteúdo da caixa-preta de voz dá margem a que se interprete que uma briga de pilotos e computador pode ter causado acidente com Airbus da TAM. O sistema Fly-By-Wire do Aiburs A320 nasceu polêmico e continua assim.

O A320 tornou-se referência em tecnologia, com avanços inéditos: é o primeiro avião comercial totalmente FBW (Fly-by-wire) do mundo, e uma novidade que provocou polêmica: dispensando os manches de controle, substituídos por side-sticks, mais parecidos com joysticks usados em vídeo games. Além disso, os computadores do avião "assumiriam o comando" da aeronave caso alguns parâmetros de controle fossem desrespeitados. Essa filosofia de controle foi duramente criticada pelos concorrentes.

Tanto assim que, no princípio de operações, esse radical avanço tecnológico provocou pelo menos 3 acidentes fatais, em que as tripulações "brigaram" com a máquina pelo comando da própria.

O detalhe em negrito dessa citação da Wikipedia sobre o Airbus A320 mostra o que pode perfeitamente ter acontecido. O avião, ao tocar o solo, ainda desenvolvia grande velocidade e, por algum motivo (talvez o manete na posição errada), o computador "leu" que o Airbus iria decolar e não pousar. Por isso, não permitiu a abertura dos spoillers (que se abrem sobre as asas e ajudam a parar o avião) e deu ordens para aceleração, mesmo com o reverso esquerdo funcionando, o que acabou fazendo com que o avião desse uma guinada à esquerda. Isso explicaria por que o piloto não conseguiu desacelerar [Hot 2: Desacelera!Desacelera!...Hot 1: Eu não consigo, eu não consigo!] o avião: o computador não deixou.

O computador, sabemos, é capaz de zilhões de operações, mas, "mentalmente", é como o português de anedota, entende tudo ao pé da letra. A partir do momento em que "leu" que o Airbus iria decolar, preparou-se para isso e não permitiu nenhum comportamento em contrário. Deu-se a tragédia.

Culpar o piloto pelo ocorrido é o procedimento usual dos fabricantes do Airbus nesses casos, mesmo que a repetição de acidentes com o mesmo perfil aponte para uma falha na interface homem-máquina. O culpado não pode ser apenas o piloto, todo o processo tem que ser repensado, antes que se repitam novos acidentes.

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