Transcrição em português do diálogo dos pilotos na caixa-preta do Airbus da TAM pode desvendar mistério sobre a causa do acidente

Li numa postagem do Blog Slot que houve um erro na tradução do conteúdo da caixa-preta do Airbus A320 da TAM, que se acidentou em Congonhas no dia 17, matando 199 pessoas, até o momento.

(...)... está na transcodificação, cuja tradução, para a imprensa, errou em um ponto crucial. Em um determinado momento, um dos pilotos fala:
- "Desacelera, desacelera", e o outro responde:
- "Olha isso". "Ele não pode, ele não pode". Esta frase foi traduzida erroneamente pela imprensa por: "Eu não posso, eu não posso".

Reparem a reprodução do conteúdo da caixa-preta na imagem acima. O trecho onde houve o erro de tradução está destacado. Isso me fez lembrar que estamos trabalhando o tempo todo sobre a tradução de uma tradução, porque os pilotos não falaram em inglês, mas em português. Portanto, outros erros podem ter acontecido, na transcrição do diálogo dos pilotos, que foi traduzida para o inglês.

Além disso, uma coisa me chamou a atenção, desde o início. O uso do verbo desacelerar. Pode ser um jargão da profissão, não sei. Mas na hora do desespero, ao ver que o avião não estava parando, o usual não seria gritar “freia”, “pára”, “abre os spoillers”, algo por aí? Portanto, se foi usado o verbo desacelerar, teria o co-piloto percebido que o manete estava na posição errada?

Se sim, isso muda tudo. Ele pede ao piloto para desacelerar. "Desacelera, desacelera". O piloto tenta. Mas o computador não deixa o manete se mover. Aí, é a surpresa: “Olha isso”. O piloto faz força, mas nada acontece. Aí vem o “(Ele) não pode, (ele) não pode” Ou então: "Não dá, não dá." E não pode (não dá) porque o computador do avião não deixou.

Isso me recordou a definição de um comandante sobre o sistema do Airbus A320, que eu anotei:

(...)... o que faz o sistema do Airbus é não deixar que o piloto “rompa” o avião, ainda que ao fazer isso possa estar adotando uma superproteção, que impede que o piloto possa levá-lo ao limite numa emergência. Isto é, ao tentar evitar que se “rompa” o avião, ele não dá ao piloto a possibilidade de evitar uma colisão, por exemplo. O que, afinal, como no vôo 3054, acaba permitindo a colisão e fazendo com que o avião se “rompa”.

O computador não improvisa. O ser humano, sim.

Esta crítica é feita por muitos pilotos e engenheiros, desde o lançamento do Airbus A320. A partir de determinado momento, ele retira a autonomia do piloto e decide por si o que é melhor para o avião. O piloto se transforma, então, em apenas mais um passageiro.

(A esse respeito, veja a postagem sobre o comandante Garcez, que começou cometendo um erro primário e depois conseguiu, mantendo o sangue frio e o raciocínio, salvar a vida da maioria dos passageiros - inclusive a própria – num dos mais espetaculares acidentes aéreos da história).

Pós escrito: No Blog do Fernando Rodrigues, é dado como certo que o que é dito em português é “Não dá, não dá”.

Aliás, este blog sabe, com 100% de segurança, que a frase, em português, é "não dá". Se o áudio aparecer algum dia, essa informação poderá ser comprovada.

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