Direita racista boliviana não é solidária nem na tragédia

Nelson Rodrigues dizia que o mineiro só é solidário no câncer. Pois a direita boliviana, nem na tragédia.

A Bolívia é um país pobre. Em algumas regiões, paupérrimo. Vem sendo castigado de forma inclemente pelo fenômeno conhecido como La Niña, chuvas intensas que alagam ruas e casas e desalojam milhares de bolivianos, especialmente – como sempre - os mais pobres.

São 32 mil famílias afetadas, 35 mortos e quatro desaparecidos.

Mas a direita racista boliviana não está nem aí para isso. A Coordenadoria de Povos Étnicos de Santa Cruz e a Central de Povos Étnicos Mojeños acusam os governos de Santa Cruz e Beni de colocarem os interesses políticos acima da solidariedade, negando-se a oferecer ajuda humanitária aos que não apóiam a luta pela autonomia dessas cidades.

Como se sabe, a direita racista boliviana quer dar um golpe de Estado e tirar do poder o índio presidente. Mas enquanto não conseguem esse intento, querem autonomia administrativa total, como se fossem países independentes. Querem separar-se do governo central. Exatamente o oposto do que querem os mais pobres – em sua imensa maioria índios e descendentes – que têm pela primeira vez na História da Bolívia a possibilidade de fazer parte da sociedade, serem ouvidos e terem suas reivindicações atendidas. A direita quer se excluir, enquanto a imensa maioria da população quer a inclusão social.

Segundo o dirigente dos mojeños Ernesto Sanchez “las prefecturas de Cochabamba y Santa Cruz en el río Ichilo, sólo están ayudando a las personas que firmaron para el estatuto autonómico y no así con las comunidades que rechazaron este documento”.

Como se não bastasse, os meios de comunicação desses locais desinformam a população e dizem que a ajuda humanitária é local, quando na verdade vem do governo Evo e da comunidade internacional – inclusive brasileira.

Lá como aqui, o golpismo e a mídia andam de mãos dadas, usando a desinformação ou a informação manipulada para seqüestrar a população da realidade que a cerca, como afirmei em outra postagem, que repito agora:

O presidente Lula deu uma declaração em Cuba condenando os seqüestros como forma de luta política, o que foi repercutido por toda a nossa “grande imprensa”.

Mas, e quando não é a pessoa que é retirada da realidade? Quando a realidade é que é seqüestrada da pessoa, como vem acontecendo no Brasil?

Quem acompanha o Brasil pelos jornalões, pelas emissoras de TV – em especial pela Rede Globo – tem sua realidade seqüestrada.

Quer prova maior disso que a absurda correria da população aos postos de vacinação para se prevenir de uma epidemia de febre amarela que só existe na mídia? Duas pessoas já foram internadas com overdose de vacina por conta disso.

Ambas as formas de seqüestro são condenáveis, mas a população desinformada pela mídia corporativa só toma conhecimento de uma, enquanto é manipulada pela outra.

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