A fábrica de dossiês dos tucanos e o 'dossiê Vedoin' das eleições de 2006

Esta do senador Álvaro Dias não é a primeira que os tucanos armam para cima dos adversários. O caso mais citado é o de Roseana Sarney, nas eleições de 2002. Mas ninguém me tira da cabeça que os tucanos também estavam por trás do tal “escândalo dos aloprados”, como escrevi aqui, em 23 de setembro de 2006.

Repito a postagem. Leiam até o final e comparem com o que veio a acontecer menos de uma semana depois, com o surgimento da foto do dinheiro, via delegado Bruno.

O escândalo do dossiê contra Serra: E se aconteceu assim?

Se a grande imprensa pode especular à vontade, por que este humilde blog também não pode fazê-lo? Vamos aos "fatos" - assim como eles fazem.

Depois de adiar o encontro com a realidade por meses, semanas, e, finalmente, dias, os tucanos perceberam que a eleição de Lula já estava decidida, e no primeiro turno. A menos que... A menos que uma bomba caísse no colo do presidente. Trataram de montá-la.

A primeira providência foi procurar uma dupla de velhos parceiros, os Vedoin, pai e filho. Eles já haviam ganhado muito dinheiro com FHC no poder, e estavam no "contas a pagar" clandestino do PSDB, desde que explodiu o caso das sanguessugas.

É bom destacar que os Vedoin não gostam dos petistas. Se ganharam muito no governo anterior ("a gente pagava até adiantado..."), com os petistas começaram ganhando dinheiro também. Mas acabaram com um par de algemas cada e dividindo hospedagem numa cela da Polícia Federal. E isso é uma coisa que os bandidos sempre consideram uma "injustiça", uma "sacanagem".

Os tucanos foram direto ao assunto com os Vedoin: precisavam ferrar a candidatura de Lula. Tinham um plano, e eles eram a isca. Deveriam procurar o PT e dizer que passavam por dificuldades financeiras, já que todas as suas contas estavam bloqueadas na justiça. Ofereceriam aos petistas o que eles queriam, e sempre procuraram: as provas de que os tucanos estavam envolvidos até o pescoço no esquema das sanguessugas. Mas os Vedoin não poderiam ser os portadores da proposta, porque os petistas desconfiariam. Eles necessitavam de um intermediário confiável ao PT. Aí entra Valdebran Padilha.

Valdebran (que estava no hotel em São Paulo e, em tese, receberia a grana pelos Vedoin) também não gosta dos petistas. Sempre foi um operador no Mato Grosso. Vivia - para usar uma expressão do senador Suassuna - beliscando uma "beirada" aqui, outra ali. Com o PT no poder, vislumbrou um futuro promissor. Filiou-se ao partido em 2004, a tempo de comandar a arrecadação de recursos do candidato petista à prefeitura de Cuiabá. Mas o petista não se elegeu. Valdebram ficou chupando dedo, até que se candidatou a uma vaga na direção da Eletronorte. "Mas uma ala do PT impediu a nomeação enviando um dossiê contra ele sobre superfaturamento em prefeituras de Mato Grosso".

Contatado pelos Vedoin, Valdebran topou a parada. Procurou seus "companheiros" petistas e expôs a proposta. Pediu uma quantia absurda (vinte milhões de reais) para dar maior credibilidade ao que propunha. Mas aceitou, rapidamente, que ela caísse para a décima parte. Os "alegres petistas" caíram como patetas.

O acordo seria feito em duas partes. Na primeira, uma entrevista onde os Vedoin denunciariam o envolvimento de Serra e Barjas Negri no esquema. Os tucanos estrilariam, e aí entraria a segunda parte do plano: as provas seriam exibidas à imprensa, com toda a movimentação financeira que provaria por a+b que a máfia das sanguessugas nasceu e se desenvolveu em ninho tucano, com a participação direta de Barjas Negri e, ao menos, a omissão de Serra.

A primeira parte foi feita, com a entrevista dos Vedoin à IstoÉ. Os "alegres petistas" aguardavam ansiosos no Hotel Íbis o material relativo à segunda parte. Foram surpreendidos pela Polícia Federal, "casualmente" alertada por uma conversa providencial dos Vedoin ao telefone - que sabiam estar grampeado.

No kit que os tucanos combinaram com os Vedoin estava ainda a necessidade da inclusão de uma foto de Alckmin no meio do "dossiê" para poder envolver o presidente Lula no episódio. O que foi feito. No mais, algumas imagens de Serra, que todos já estavam mais carecas que ele de saber. A movimentação financeira do esquema...ha-ha-ha...

Tudo certo, tudo perfeito - se não ficasse faltando um detalhe (e como os tucanos lamentam isso...): uma foto da bolada de dinheiro, exatamente como aconteceu com Roseana Sarney.

Nada que, nesta reta final, o programa de Alckmin não possa resolver com uma edição maliciosa. Imagens já não faltam. A Veja desta semana tem uma arte com uma montanha de reais e dólares. A primeira página de O Globo de hoje, a foto de um monte de dinheiro de uma outra operação da PF.

Como um exército de Brancaleone desesperado, a oposição a Lula exclama, com o apoio da grande imprensa:

- Avante, Aquilante - quer dizer, Avante, Alckmin!!! Abaixo "Apedeuta" [publicado originalmente em 23 de setembro de 2006]

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