Justiça de Mônaco autoriza extradição de Cacciola

A Justiça de Mônaco se mostrou favorável à extradição do banqueiro Salvatore Cacciola ao Brasil, solicitado pelas autoridades brasileiras por fraude financeira e desvio de dinheiro público, informa hoje o jornal Monaco-Matin. [ler mais]

E agora, será que o ministro Marco Aurélio de Mello já está com novo habeas corpus preparado?

A extradição de Salvatore Cacciola pode trazer à tona fatos que muitos gostariam de ver esquecidos e enterrados.

Saiba o motivo, lendo esta postagem que reproduzo a seguir, que é de 13 de setembro de 2006:

Em 1998, o real valorizado diante do dólar era usado para garantir a reeleição de FHC. O mundo varrido por sucessivas crises sabia, o mercado sabia, mas o povo tinha que ser mantido na ignorância. Para isso, bilhões de dólares foram torrados.

Garantida a reeleição, 12 dias após a posse, em 13 de janeiro de 1999, a desvalorização veio. Com ela, um escândalo para muitos ainda inexplicável. No entanto, ele já foi explicado sim, dindim por dindim, numa reportagem da revista Veja de 23 de maio de 2001. Só que tudo foi devidamente abafado.

Os efeitos só foram sentidos pelo país, que quase quebrou, e mais recentemente pelo presidente do Banco Central à época, Francisco Lopes. Ele foi condenado pela Justiça a 10 anos de prisão por ter favorecido os bancos Marka e FonteCindam na mudança da política cambial.

Outro personagem muito famoso no escândalo, o banqueiro Salvatore Cacciola, dono do banco Marka, chegou a ser preso. Mas decisão do ministro Marco Aurélio de Mello permitiu que ele respondesse ao processo em liberdade. Como Cacciola é italiano, e nem um pouco bobo, aproveitou-se de nossas vastas fronteiras, e do desinteresse que o governo brasileiro tinha de vê-lo por perto, e tratou de voltar para sua Itália natal, onde segue desfrutando a vida - e, o mais importante para o governo FHC - em silêncio.

E o que poderia falar Cacciola?

A revista Veja apurou que ele descobriu que o presidente do Banco Central, Francisco Lopes, vendia informações privilegiadas. Cacciola era um dos que pagavam por elas. Mas ele queria saber mais, e conseguiu grampear os telefones do esquema, usando para isso os serviços do mesmo agente que praticou os grampos do BNDES.

Cacciola "sabia" que a mudança cambial só ocorreria em fevereiro. Mas ela veio antes, sem que houvesse tempo de avisá-lo, e ele foi pego com as calças na mão. Foi a Brasília, ameaçou contar tudo. Recebeu R$ 1 bilhão, na cotação antiga. Só que o escândalo estourou.

A situação do presidente do Banco Central tornou-se insustentável, e ele foi demitido. Uma batida da PF na casa de Francisco Lopes descobriu um bilhete que informava que o ex-presidente do BC tinha 1,6 milhão de dólares no exterior. A situação toda era tão, digamos, nebulosa, que o ministro Malan afirmou que só contará o que sabe sobre o caso "dez anos depois de minha morte". Aí o governo FHC teve que agir. A reportagem da Veja mostra como:

O certo é que a cúpula do BC tentou esconder do país a ajuda oferecida aos bancos Marka e FonteCindam. Quando se soube da venda de dólar mais barato aos dois bancos, o BC não admitiu a clandestinidade da operação. Disse que o socorro só saiu porque, no mesmo dia, recebera uma carta da Bolsa de Mercadorias & Futuro (BM&F) dizendo que a falência dos dois bancos poderia colocar em risco todo o sistema bancário. Descobriu-se, em seguida, que a carta fora encomendada pelo próprio BC, seus termos foram exaustivamente negociados por Tereza Grossi, já então no setor de fiscalização, e só foi recebida por Ricardo Liao (sic) no dia seguinte à liberação da ajuda. Sabe-se agora que o BC até orientou fiscais para, em seus relatórios, informar que o dinheiro saiu por meio da Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários do Banco do Brasil. A revelação foi feita pelo então chefe da fiscalização do BC no Rio, Abelardo Duarte de Melo, em depoimento à Polícia Federal.

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