General francês afirma que Brasil contribuiu com homens, armas e aviões para o golpe que derrubou Allende

Numa entrevista a Leneide Duarte-Plon, publicada ontem na Folha, o general francês Paul Aussaresses, que foi do serviço secreto francês e trabalhou no Brasil durante a ditadura, afirmou que o país enviou armas, homens e aviões ao Chile para derrubar o governo Allende.

Aussaresses esteve no Brasil para ensinar a oficiais brasileiros técnicas de combate à guerrilha e também de tortura:

FOLHA - Em seu livro, há um capítulo em que o senhor narra os cursos de interrogatório e informação a oficiais no Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus. Quais eram suas atribuições?
AUSSARESSES
- Eu dava aulas nessa escola militar porque tinha sido instrutor das Forças Especiais do Exército Americano no Fort Bragg. Fui nomeado instrutor dos pára-quedistas da infantaria americana em Fort Benning, na Geórgia, e me pediram para ser também instrutor em Fort Bragg, na Carolina do Norte. Isso foi nos anos 60. Nessa escola, encontrei oficiais estagiários das forças especiais de vários países da América do Sul.

FOLHA - Inclusive do Brasil?
AUSSARESSES
- Exatamente.

FOLHA - Quem eram esses oficiais?
AUSSARESSES
- Não me lembro de seus nomes. Lembro de Umberto Gordon, que se tornou chefe das Forças Especiais do Chile, a DINA, o serviço secreto de Pinochet. Éramos muito amigos.

FOLHA - O senhor chegou ao Brasil em outubro de 1973, pouco depois do golpe militar do Chile. O Brasil participou ativamente no golpe contra Allende?
AUSSARESSES
- Que pergunta! Você pensaria que sou um idiota se não estivesse a par. Claro que o Brasil participou!

FOLHA - O senhor conta no livro. Gostaria que repetisse. O Brasil enviou aviões e armas?
AUSSARESSES
- Mas claro, armas e aviões.

FOLHA - E enviou oficiais também?
AUSSARESSES
- Sim, claro. As armas não sei dizer exatamente quais. Mas os brasileiros enviaram aviões franceses com projéteis fabricados na França pela sociedade Thomson-Brandtà. [Assinante lê a íntegra da entrevista aqui]

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