A compra do Estadão pela Globo, e uma proposta para a mídia livre

Segundo o Rovai, o negócio está fechado: o Estadão agora pertence às Organizações Globo. A concentração da mídia está cada vez maior. Cada vez maior também o poder das Organizações Globo.

Como reagirá a Folha a esta aquisição, que vai colocá-la no olho do furacão? Será que vai acontecer o mesmo que com o Jornal do Brasil aqui no Rio, que viu seus principais colunistas, um a um, baterem asas para O Globo?

Mas isso é problema deles. O nosso é descobrir como fazer frente à concentração cada vez maior da mídia corporativa.

Bernardo Kucinski escreveu um artigo, publicado na Carta Maior, em que mostra como a Globo montou no início do que veio a ser conhecido como o escândalo do mensalão uma “central de operações, em Brasília, unificando as coberturas de política da TV, CBN e jornal O Globo sob o comando de Ali Kamel, que para isso se deslocou para Brasília”. Imagine do que será capaz agora, como proprietária de um dos dois grandes jornalões paulistas.

É possível tamanha concentração? Como perguntei ainda outro dia aqui, quando a compra do Estadão pela Globo ainda era uma hipótese: A democracia resiste?

E a questão da distribuição de jornais e revistas em que a Abril, ao adquirir a Fernando Chinaglia, ficou simplesmente com 100% do mercado nas mãos, sem que até hoje o Cade tenha se manifestado?

Mas é o que escrevi na época, quando postei aqui Monopólio do Grupo Abril ameaça revistas independentes:

O pior é que quase não se lê nada sobre o assunto. Assim como aconteceu com a CPI da TVA, com a Curundéia, parece que uma bolha de silêncio envolve os negócios do Grupo Abril.

Culpa também nossa. Enquanto eles enchem o saco com tudo o que não lhes agrada, inundando jornais e blogs com cartas e comentários, ficamos conversando os mesmos e mal conseguimos juntar 1233 (confira) [a postagem é de dezembro de 2007] assinaturas para a CPI da TVA e das negociatas das telefônicas...

O mesmo vale para a aquisição do Estadão. Vamos ficar impassíveis assistindo à ampliação da ditadura da mídia? É legítima essa concentração de poder nas mãos das Organizações Globo? O poder das Organizações Globo é um risco para a democracia no Brasil.

Uma proposta para a mídia livre

Os blogs sobre política, redes, grupos, listas de e-mails devem responder a mais esse ataque da mídia corporativa. Mas, como enfrentar esse poder terrível? Criando um portal da mídia independente?

Não acho que seja uma boa idéia. O portal é duro, hierarquizado, centralizado – exatamente como a mídia corporativa. Devemos combatê-la com aquilo que temos de mais forte, a multiplicidade, a diversidade.

Talvez devêssemos partir para algo como o The Huffington Post, que ainda mantém uma primeira página, ou então para uma experiência ainda mais aberta, como a que o criador do Facebook, Chris Hughes, desenhou para Barack Obama. Clique aqui e veja o que ele fez e o que se pode fazer.

O que é que vocês acham?

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