Para O Globo, vale tudo para atacar o governo. Até dizer que 20,7% é maioria

Taí a imagem que reproduz a manchete da primeira página de O Globo (clique nela para ampliá-la) que não me deixa mentir. Para o jornalão carioca, 20,7% (ou seja, 20,7 em 100) é maioria.

Onde está o truque? É que eles somam aos 20,7% os 34,1% que, segundo pesquisa do Ibase, “sofrem com falta de comida em casa”. O que não quer dizer em absoluto que passem fome – como, aliás, fica claro na matéria do jornalão. Ou seja, o que há ali não é notícia, é distorção, manipulação.

É só o jornalismo de resultados de O Globo em ação. É como o futebol de resultados: joga-se feio, para-se a jogada com falta, utilizam-se os recursos necessários – ainda que desleais – para que se consiga o resultado desejado. No caso da mídia corporativa, criticar o Bolsa Família para atingir o governo Lula.

Na própria matéria isso fica claro. Destacada num box, há a declaração de uma beneficiada, Clotilde Alves do Nascimento, que tem dois filhos e marido desempregado: “Eu até sonho em comprar carne”. Mas aí O Globo vem com a crítica: Beneficiada no Piauí usa dinheiro para comprar geladeira, fogão e roupas.

Que horror, não? A mulher disse que antes cozinhava com carvão. Agora comprou um fogão.
- Que esbanjadora!
Comprou também uma geladeira.
- Perdulária.
E também cadernos, material escolar, roupas e sandálias.
- Uma consumista típica, já sonhando com Daslu, talvez.
Ao final, ela ainda confessa que “cede ao pedido dos filhos por biscoitos e sucos para a merenda”.
- Onde está a polícia que não prende essa mulher? Chamem o TRE!

Mas a crítica de O Globo, na linha de Kamel, é um engodo, conforme mostrei aqui, Kamel descobriu qual é o grande problema do Brasil hoje. Eles confundem Bolsa Família com Fome Zero e criticam o que o programa tem de mais generoso e antipopulista: a possibilidade de o beneficiado gerenciar o benefício, usar o dinheiro naquilo que julga importante para sua família. Ainda que esse “importante” lhes seja imposto de fora, via propaganda, incentivo ao consumismo, especialmente direcionado às crianças (lembre-se de que dona Clotilde afirma que “cede ao pedido dos filhos por biscoitos e sucos para a merenda”), como tem criticado o ministro Temporão, que quer proibir propaganda de fast-food, antes das 21h. Mas isso é assunto para outra postagem.

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