Chefões do jornalismo latino-americano fazem congresso na Europa

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) está reunida em Madri. Já houve um comentário interessante sobre esse congresso, feito por um leitor no Blog do Nassif. Mas o jornalista Pascual Serrano, em seu blog, tira a máscara dessa turma que manipula, mente, omite, conspira e golpeia, em nome da liberdade de imprensa. Vale a pena ler o texto na íntegra (aqui, em espanhol)

Perguntas de um Cidadão à Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP)
- Pascual Serrano

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) celebra estes dias em Madri seu 64ª Assembléia anual que durará três dias. Esta organização pan-americana reúne 500 proprietários e diretores de grandes meios de comunicação. Com sede em Miami, a SIP liderou, sob a bandeira da liberdade de expressão, a confrontação contra os governos progressistas de América Latina, até o ponto de que durante sua última reunião em Caracas, chegou-se a celebrar um Encontro Latino-americano contra o Terrorismo Midiático, onde jornalistas de todo o continente denunciaram a cumplicidade dos donos desta imprensa comercial com as políticas estadunidenses de ingerência na América Latina. Tal como Bertolt Brecht em seu poema “perguntas de um obreiro frente a um livro”, um cidadão normal poderia propor-lhe as seguintes aos membros da SIP.

Como se explica que uma sociedade interamericana celebre seu congresso num continente diferente do americano? Não são bem recebidos aqui pela cidadania?

Vocês se apresentam como defensores da liberdade de imprensa e a liberdade de expressão. Como se reflete em seus meios a liberdade e o direito a expressar-se dos cidadãos?

Felizmente na América o funcionamento da maioria das instituições está submetido ao controle democrático: os governos, os parlamentos, os sistemas judiciais, os partidos políticos, as Forças Armadas. Que tipo de controle democrático existe nos membros que integram a Sociedade Interamericana de Imprensa?

Afirmaram que em Colômbia se registrou "um grande avanço" porque no último ano não foi assassinado nenhum jornalista. Não supõem também um avanço que isso há anos vem sucedendo em Cuba, Venezuela ou Bolívia?

Em seus relatórios neste congresso têm criticado duramente países com governos progressistas como Cuba, Venezuela, Nicarágua ou Bolívia. Dá-se a circunstância que são os países onde, mediante políticas educativas de seus governos, mais se avançou contra o analfabetismo. Cuba e Venezuela estão livres de analfabetismo segundo a UNESCO e Bolívia e Nicarágua lhes sucederão proximamente. Não lhes parece importante para a imprensa e a liberdade de expressão o detalhe de que os cidadãos possam saber ler como primeira condição?

Um de seus diretores assinalou que o caso da blogueira cubana Yoani Sánchez é motivo de felicitação pela capacidade da Rede de “romper em Cuba o monopólio informativo do Governo”. Não seria também motivo de felicitação os blogs de outros países que não são Cuba por “romper o monopólio informativo das grandes empresas privadas de comunicação”?

Vocês se apresentam como independentes dos governos, não lhes parece curioso que o novo presidente da SIP - e único latino-americano na direção - seja primo do ministro da Defesa de Colômbia e irmão do vice-presidente?

Entre as atividades de seu congresso, cuja inscrição custava 1.600 dólares, tinha uma atuação estelar da Tuna, outra privada do cantor de flamengo Diego 'El Cigala', um jantar privado nos Jardines de Cecilio Rodríguez, outra no Parque del Retiro, uma visita a Aranjuez, um almoço num restaurante fundado em 1908 junto ao Palacio Real y los Jardines de la Isla y del Príncipe, uma excursão a Segovia para ver o Alcázar, o Acueducto e a catedral e, certamente, comer cordeiro. Também um percurso guiado por Madrid de los Austrias e uma visita especial ao Museu do Prado. No último dia também terão uma visita à basílica de San Francisco el Grande para continuar com classes de flamengo nas Vistillas e terminar com tapas e sangria. Crêem que esse programa lhes permitirá tempo livre para debater seus cuidados com a liberdade de expressão?

Convidaram para sua assembléia a Federação Latinoamericana dos Jornalistas (FELAP), organização onde se agrupam os jornalistas de América Latina?

Como assinalei antes, a inscrição no congresso custava 1.600 dólares. Recebem essa quantia mensalmente os redatores de suas empresas de imprensa?

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