O caso da brasileira que teria sido atacada na Suíça

O caso da brasileira Paula Oliveira que afirma ter sido agredida por três neonazistas na Suíça passou por duas reações: primeiro, uma de horror e indignação, inclusive das autoridades brasileiras. Agora estou vendo, inclusive na blogosfera, um movimento contrário, de pessoas que estão se aproveitando de declarações e suspeitas da polícia suíça para baixar o pau na nossa mídia corporativa, em especial na Globo.

Qualquer pessoa que tenha vindo duas ou três vezes aqui no blog sabe que não sou exatamente um simpatizante do jornalismo Global, que manipula, distorce, mente e, em geral, é incompetente, só trabalha com informações de mão beijada.

Mas o caso da brasileira na Suíça, nada a ver. Paula informou a seu pai no Brasil que havia sido agredida, perdeu os filhos gêmeos que esperava e ainda teve o corpo todo marcado com siglas de um partido de extrema direita, xenófobo e racista.

As reações da imprensa e do governo brasileiro foram amplamente justificadas, pelas imagens chocantes da mutilação.

Agora, com a versão da polícia suíça, que aponta para uma possível automutilação da brasileira, pronto, pau na mídia. Mas, e se a brasileira estiver certa e a polícia errada? Eles afirmam que os cortes são simétricos, o que não ocorreria numa agressão. Por que não? Já se colocaram na posição de uma brasileira, grávida de três meses, de gêmeos, num país que não é o seu, sendo agredida por três carecas, um deles com uma suástica tatuada na testa? O horror? Por que ela não teria ficado paralisada, na expectativa de que eles fizessem apenas aquilo e a deixassem em paz?

A polícia acha que as mutilações teriam sido feitas por ela, e a superficialidade dos cortes seria um detalhe que apontaria nessa direção. Mas, peralá, o que eles queriam não era estropiar a mulher, mas usá-la como um outdoor ambulante de suas práticas racistas. E isso conseguiram. Divulgaram o partido, SVP (Partido do Povo Suíço), e sua causa abjeta para o mundo.

Só pela declaração do porta-voz do SVP, Alain Hauert, dá pra ter uma noção do que eles são capazes. Perguntado pelo jornal O Globo sobre a sigla do partido marcada no corpo da brasileira, ele disse:

- Talvez o senhor deva perguntar a ela mesma se ela talvez faz (sic) parte de nosso partido.

Quem tem um porta-voz desses não pode perfeitamente mutilar covardemente uma mulher indefesa?

O que me faz pensar que Paula diz a verdade (não sei se toda a verdade, mas, pelo menos no caso das mutilações) é exatamente isso: se ela se automutilou, por que escolheu esse tipo de mutilação e não outro?

Assim como a polícia suíça suspeita de automutilação pela superficialidade dos cortes, eu acredito na versão da brasileira pelos mesmos motivos.

E você?

Outra coisa: por que esse complexo de vira-latas, de acreditar mais nos outros que em nós mesmos?

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