Serra, ditadura ou ditabranda?

No momento em que a Folha de S.Paulo tenta se autoindultar, transformando em ditabranda a ditadura que serviu, inclusive transportando presos para a tortura, é importante nosso apoio à petição Repúdio e Solidariedade, lançada neste sábado de carnaval, mas também é fundamental sabermos o que pensa dessa tentativa de fraude histórica o governador de São Paulo e candidato declarado do diário paulista – e da mídia corporativa em geral -, José Serra.

- Afinal, Serra, o que houve no Brasil foi uma ditadura que torturou, assassinou e exilou brasileiros ou apenas uma ditabranda, como quer a Folha?

Eis a íntegra de petição:

Repúdio e Solidariedade
Ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repudio a arbitraria e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S. Paulo do dia 17 de fevereiro de 2009. Ao denominar ditabranda o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção editorial do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país. Perseguições, prisões iníquas, torturas, assassinatos, suicídios forjados e execuções sumárias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no período mais longo e sombrio da história polí­tica brasileira. O estelionato semântico manifesto pelo neologismo ditabranda e, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964.
Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota de redação, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro (p. 3) em resposta às cartas enviadas ao Painel do Leitor pelos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fabio Konder Comparato. Sem razões ou argumentos, a Folha de S. Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrários e irresponsáveis a atuação desses dois combativos acadêmicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insólitas críticas pessoais e políticas contidas na infamante nota da direção editorial do jornal.
Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fabio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro.

Antonio Candido, professor aposentado da USP
Margarida Genevois. Fundadora da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos
Goffredo da Silva Telles Júnior, professor emérito da USP
Dalmo de Abreu Dallari, jurista e professor de Direito da USP,
Maria Eugênia Raposo da Silva Telles, advogada
Andréia Galvão, professora da Unifesp
Antonio Carlos Mazzeo, professor da Unesp
Augusto Buonicore, doutorando da Unicamp
Caio N. de Toledo, professor da Unicamp
Cláudio Batalha, professor da Unicamp
Eleonora Albano, professora do IEL, Unicamp
Emir Sader, professor da USP
Fernando Ponte de Souza, professor da UFSC
Heloisa Fernandes, socióloga
Ivana Jinkings, editora
Marcos Silva professor titular da USP,
Sérgio Silva, professor da Unicamp
Patricia Vieira Tropia, Universidade Federal de Uberlândia
Paulo Silveira, sociólogo

Clique aqui para ir à petição Repúdio e Solidariedade.

Só não entendi a opção de realizar a petição por um site pago, já que há como fazê-lo de graça na internet. Além do pagamento (de 2 a 100 dólares, você escolhe a “doação” - é como chamam - obrigatória...), há a burocracia etc. Isso vai fazer cair muito o número de assinantes. É coisa de quem não entende como funciona a rede - ou não se importa. Pena.

Mas, voltando ao Serra. Será que teremos um jornalista, único que seja, que se chegue ao presidente eleito pela mídia, José Serra, e pergunte a ele se concorda com a Folha que nossa ditadura foi uma ditabranda?

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