Globo volta a atacar Brizola

Nem depois de morto, as Organizações Globo deixam Leonel Brizola em paz. Neste domingo, o jornal O Globo vem com a seguinte manchete: “SNI: Brizola e César recebiam propina de empresa de ônibus”.

Quem não é assinante do jornal, pode ler parte da reportagem aqui: Relatórios do SNI acusam Brizola e Cesar Maia de receberem propina de empresas de ônibus.

É uma reportagem tão sem substância, um autêntico pastel de vento, que se desfaz no quarto parágrafo, onde está escrito:

Nenhuma das acusações foi provada nem originou investigação policial.

Entenderam? Eles pegam relatórios de arapongas do SNI, órgão àquela época ainda sobrevivente da ditadura, com acusações contra Brizola, publicam, e depois dizem que Nenhuma das acusações foi provada nem originou investigação policial.

Quando Brizola ainda estava vivo, ainda se compreenderia a existência da reportagem, que deveria ser mais uma encomenda de Roberto Marinho. Mas, agora, quando ambos morreram... Será que ele baixou no Ali Kamel ou no Rodolfo Fernandes (filho do jornalista Hélio Fernandes), atual Diretor de Redação e Editor responsável pelo Globo?

Roberto Marinho era inimigo de Brizola, capaz de topar qualquer acordo até com o capeta para não permitir que ele chegasse à presidência do Brasil, o que acabou conseguindo. Ou alguém tem alguma dúvida de que Brizola só não chegou lá por causa da Rede Globo, que fazia campanha diária contra o ex-governador do Rio e do Rio Grande do Sul?

A Globo tentou derrubar Brizola, com o golpe da Proconsult nas eleições de 1982. Mas a trama foi descoberta e Brizola eleito governador do Rio.

Nas eleições de 1989, ao perceber o risco de uma ida de Brizola para o segundo turno, a Globo apoiou Collor e poupou Lula, que só virou alvo de Roberto Marinho depois de derrotar Brizola por uma pequena margem no primeiro turno (Lula; 17,18%; Brizola, 16,51%).

Alguém tem alguma dúvida de quem venceria a disputa de 1989 entre Collor e Brizola? Alguém tem alguma dúvida do que aconteceria nos debates entre os dois?

Por isso, em homenagem ao velho Brizola, reproduzo aqui um dos momentos mais importantes da história da televisão brasileira: o direito de resposta que a Rede Globo teve que dar a Brizola, dentro do Jornal Nacional.

É como diz o comercial de um cartão de crédito: ver Cid Moreira, no Jornal Nacional, ler um texto de Brizola atacando Roberto Marinho e a Rede Globo não tem preço.



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