The Economist critica privatizações de FHC e elogia governo Lula
(Atualizado e Corrigido)

Atualização e Correção: Veja ao final da postagem.

Do Blog do Desemprego Zero, por Beatriz Rodrigues Diniz.

Matéria da revista inglesa The Economist publicada na semana passada reconhece o equívoco de um dos principais pilares do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB): a venda indiscriminada de empresas e bancos estatais. No texto, a publicação afirma que até há pouco tempo no Brasil, acreditava-se que um dos fatores prejudiciais à economia brasileira seria a influência estatal no setor financeiro. Segundo a revista, entretanto, esse controle estatal é o que dá hoje ao País uma situação favorável perante os demais países e, diante da crise mundial, confere uma “situação favorável incomum ao Brasil”.

A matéria se refere à manutenção da gestão estatal, por parte do governo Luiz Inácio Lula da Silva, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), instituições financeiras líderes de empréstimos para empresas e que FHC tentou, sem sucesso, privatizar.

“Outros países estão tentando descobrir como alavancar bancos e direcionar o crédito para as necessidades identificadas. Isso é algo que o Brasil faz, inclusive quando não era ‘moda’. Nos bancos privados, as exigências de depósitos e garantias para financiamentos os impediram de correr os riscos financeiros que acabaram por derrubar bancos na Europa e nos Estados Unidos. Até agora, o crédito do Brasil foi ‘mordiscado’, mas não ‘triturado’”, destacou o texto.

A matéria também sustenta que, na comparação com seu passado recente e na comparação com outros países, a economia do Brasil está em boa forma. “O FMI
prevê que somente os países em desenvolvimento na Ásia, África e Oriente Médio terão melhores resultados em 2009. Em comparação com o contexto anterior, no qual o Brasil sofria uma parada cardíaca a cada estresse de outras economias, isso é impressionante”, diz o texto.

O texto aponta ainda que as razões para a melhoria do crescimento do País estão fortemente atreladas à melhoria do nível da dívida do setor público, que foi um ponto fraco e agora se mantém abaixo dos 40% do PIB, e a outros fatores. “Os empréstimos em moeda estrangeira foram trocados principalmente por títulos em reais. Além disso, o País acumulou US$ 200 bilhões em reservas internacionais para defender o real; seu déficit em conta corrente é pequeno e, o mais importante, a crise não está aumentando a inflação. Isso permite que o Banco Central reduza a taxa básica de juros da economia, permitindo um custo mais barato para a dívida pública. É a primeira vez que o Brasil adota uma política monetária anticíclica”, afirma o texto.

Ao analisar a matéria, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) afirmou que o Brasil tem fôlego para enfrentar a crise mundial por conta da resistência contra a onda de privatização que aconteceu na América Latina. “Conseguimos, no Brasil, sustentar como oposição, e com ajuda da reação da sociedade, esse processo de liquidação do patrimônio público. Agora se descobriu, no auge da crise, que é preciso a presença do Estado e estão todos tentando estatizar bancos falidos. Ou seja, transferir recursos públicos para a iniciativa privada”, afirmou.

Segundo ele, a privatização de empresas de energia e de telecomunicações no governo FHC teve consequências desastrosas. “Hoje nos deparamos com as maiores tarifas de energia elétrica do mundo e temos problemas com altas tarifas da comunicação por celular. Foram justamente as duas áreas privatizadas pelo governo anterior. O governo Lula conseguiu evitar a tragédia maior que teria sido a dilapidação da estrutura pública do Brasil”.

Atualização e Correção: Atendendo à solicitação de um comentarista, procurei o link do artigo publicado na revista inglesa. Encontrei e vi que a postagem tem algumas incorreções, a começar pela data: o artigo não é da semana passada, mas do mês passado, e foi publicado no dia 5 de março. Para dirimir dúvidas, leia o artigo na íntegra, que pode ser conferido aqui.

Reaping the rewards of indolence
Some of the unreformed aspects of Brazil’s economy are now helping to limit the damage from the world downturn—but its prudence in recent years is helping too

ANY list of the things that hold back Brazil’s economy would until recently have included overbearing state influence in the financial sector. The government controls Banco do Brasil, a huge retail bank, and Caixa Econômica, the largest mortgage lender, plus the BNDES, a big development bank that feeds cheap credit to favoured companies. Hugely expensive bank loans are a handicap, too. And yet under changed circumstances such lamentable policies suddenly look far-sighted, and have given the global downturn an unusual tinge in Brazil.

Other countries are trying to work out how to run banks and direct credit to where politicians think it is needed. This is something Brazil did even when it was unfashionable. It is a sign of the times that a recent research note on Brazil from Goldman Sachs listed state involvement in banking as a plus. As for the private banks, the huge reserve requirements and taxes on funding that push up the price of their loans discouraged them from the wild risks that have brought down some peers in Europe and America. So far, credit in Brazil has been lightly chewed, not crunched.

Although the country has been spared the worst of the financial crisis, the economy is weakening. Redundancies have shot up, reversing the job growth of recent years in the formal economy (see chart). Embraer, a maker of jets, laid off 20% of its workers on February 19th. Vale, a mining giant, has cut 1,300 jobs and put more than 5,000 other workers on forced leave. Industrial production in December dropped 12%, the biggest fall in 17 years of record-keeping by the federal statistics agency.

This sharp slowdown will make for a grim year. Marcelo Carvalho, an economist at Morgan Stanley, has been forecasting no growth in 2009 and his view is fast becoming mainstream. Brazil is likely to be as late out of the downturn as it was late in. If the past is a guide, its industrial production has followed China’s exports up and down, with a lag of one quarter.

Yet by comparison with Brazil’s recent past, and also with what other countries are experiencing, the economy is in fair shape. The IMF forecasts that only the developing countries in Asia (which are poorer than Brazil), Africa (ditto) and the Middle East will do better in 2009. Given Brazil’s previous tendency to go into cardiac arrest whenever economies elsewhere became stressed, this is impressive. Argentina’s crisis in 2001 and the Asian and Russian crises of 1997-98 were painful and disruptive for Brazil. The country’s hypersensitivity to the vagaries of the world economy stretches back to at least the 1930s, when Brazil suffered a military coup during the Depression.

The reasons for its improvement are largely to do with public-sector debt, which was once a weak point but has been brought down below 40% of GDP. Foreign-currency borrowings have mostly been exchanged for real-denominated ones, so slumps in the currency no longer hurt the government’s balance-sheet. Brazil has built up $200 billion of reserves to defend the real. Its current-account deficit is small. Most important, this crisis is not pushing up inflation—Brazil’s congenital weakness. That in turn has allowed the central bank to cut rates (making public debt cheaper to service). This is the first time Brazil has been able to run a counter-cyclical monetary policy.

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