Folha muda como o príncipe de Lampedusa?

Li no Observatório da Imprensa, que a Folha vai mudar:

(...) Comunicado assinado conjuntamente pelo diretor de Redação, Otavio Frias Filho, e pela editora-executiva, Eleonora de Lucena, elenca as diretrizes básicas para a chamada mudança editorial.

(...) São as seguintes as diretrizes propostas pelo comando do jornal para a mudança editorial em curso:

1. Organizar a pauta selecionando mais os assuntos e priorizando as abordagens exclusivas dos fatos de relevo. Buscar o furo como prioridade máxima. Ter um planejamento de médio e longo prazo para o desenvolvimento de pautas mais abrangentes.

2. Na produção, cuidar para ampliar o número de fontes, buscar o contraditório e sempre entender o contexto e os interesses que cercam a notícia. Não hesitar em pautar histórias que revigorem o prazer da leitura.

3. Na elaboração dos textos, trabalhar com concisão e didatismo. Observar a necessidade de a redação ter: a) frases e parágrafos curtos (máximo de 10 linhas justificadas); b) uso de aspas apenas quando houver relevância ou quando a declaração for curiosa; c) emprego de números e cifras com mais critério, lembrando sempre de relacionar a parte e o todo; d) preocupação com as nuances, os matizes de argumentos e fatos, fazendo relatos com fidelidade, sem tentar enquadrá-los em categorias preconcebidas; e) a memória do caso e suas inter-relações; f) narração clara e fácil, evitando jargões; e g) conexão com a vida prática dos leitores.

4. Na edição, ter a preocupação de oferecer um produto mais compacto e integrado, sem reduzir espaço reservado a artes e fotos. É necessário reforçar a hierarquia nas páginas. Ajuste gráfico em curso auxiliará nessa tarefa. É preciso dar visibilidade ao “outro lado” e usar com mais frequência recursos como: a) “análise”; b) “perguntas e respostas” / “para entender o caso”; c) “quem ganha e quem perde”; d) “saiba mais”; e e) “e eu com isso?”. [leia íntegra de artigo de Eduardo Ribeiro aqui]

“E eu com isso?”, indaga-se você que me lê, já se adaptando às novas regras da Folha. “Muda o Diretor de Redação, que também é o dono? O homem que defendeu a ditabranda? A linha serrista? Não? Então vão mudar as moscas, mas a merda vai continuar a mesma. Tô fora, é Frias”.

Ah, antes que me esqueça: No romance O Leopardo, de Lampedusa, há a famosa frase do príncipe Fabrizio Salina "É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique como está".

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