A presidenta Dilma na Ana Maria Braga e na festa da Folha

Para o bem e para o mal, tem gente comparando as duas coisas. Mas, como disse o grande filósofo José Genoíno, "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa".

A presidenta fez muito bem em ir ao programa da Ana Maria Braga, porque falou para a audiência da apresentadora, que é grande. E falou sobre temas que afetam diretamente o público do programa: valorização do salário, melhoria na área de saúde e especialmente sobre o novo papel da mulher, na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

A ida à festa da Folha, não. Era uma festa restrita.

Mas ela quis ir e levar o governo junto. Na festa de um Grupo de comunicação que apoiou a ditadura, que emprestou carros para que companheiros de luta de Dilma fossem presos e torturados. Grupo que, confessadamente, contratou policiais como jornalistas para espionarem e neutralizarem os "infiltrados da ALN", que eles supunham trabalhar no Grupo.

Com isso, muito provavelmente, levaram à prisão a jornalista Rose Nogueira, que foi presa, torturada e ainda por cima despedida do Grupo por "abandono de emprego", como comentei aqui.

Mas, pior do que a ida à festa, foi o discurso da presidenta, elogiando o empresário Octavio Frias de Oliveira, defensor da ditadura de Médici, que chamou Dilma e seus companheiros que pegaram em armas contra a ditadura de "terroristas".

Tem gente agora comparando as duas coisas: uns, dizendo que a presidenta estava errada em ambas. Outros, que estava certa, e que na festa da Folha ela teria dado um "tapa com luva de pelica" nos Frias, demos e tucanos.

Para mim, o discurso da presidenta Dilma na Folha é indefensável, lamentável. Muitos companheiros certamente estão em tratamento para o torcicolo de girafa que adquiriram com o contorcionismo para justificar o discurso.

Já a ida ao programa da Ana Maria Braga ou a qualquer outro para passar à população (e não aos donos das emissoras, sua diretoria e amigos) informação de interesse do governo é fundamental.

Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra.

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