Tuiteiro francês foi primeiro a noticiar prisão do diretor geral do FMI Strauss-Kahn. Tese de conspiração ganha força na França


Jonathan Pinet (o @j_pinet do Twitter) é estudante de Ciências Políticas em Paris e militante da UMP, do presidente francês Nicolas Sarkozy. Coincidentemente, ele tem um amigo em Nova York. Coincidentemente também esse amigo tem um amigo que faz um estágio num hotel em Nova York. Coincidentemente o diretor geral do FMI Dominique Strauss-Kahn se hospeda nesse hotel e (segundo a polícia dos EUA) tenta estuprar uma camareira. Coincidentemente esse amigo do amigo de Pinet está no hotel, fica sabendo do caso, da prisão de DSK e conta para seu amigo, que passa a informação a Pinet pelo Facebook.

Pinet acha a informação "relevante" e a publica em seu twitter. Exatamente 10 minutos após a prisão de DSK. Furo mundial. Que só aconteceu por acaso, como as demais informações anteriores, todas fornecidas por Pinet numa postagem em seu blog (olha aí mais uma vez a rede Twitter, Facebook, blogs em ação).

Mas, na França, a teoria de que DSK caiu numa armadilha já se alastrou:

Depois de Pinet, apontam os defensores da tese da armadilha, a informação foi retransmitida pelo site Atlantico, o mesmo que publicou há dias a incômoda fotografia de DSK a entrar num luxuoso Porsche – que era de um amigo, e não do líder socialista. Tanto aquela publicação como o jovem militante da UMP desmentiram junto do jornal Le Post qualquer envolvimento numa suposta conspiração.

Entrevista premonitória

Outros recordam uma entrevista daquele que até domingo era o mais provável candidato presidencial do PS francês, a 28 de Abril, também ao Libération. DSK admitiu ser possível que o tentassem prender, imaginando mesmo um cenário conspirativo: «Uma mulher que é violada num parque de estacionamento. Uma mulher a quem prometem 500 mil ou um milhão de euros para inventar tal história».

A ideia de uma campanha para denegrir a imagem do pré-candidato socialista também ganha força quando recordadas as últimas manchetes feitas com DSK. A já referida notícia da Atlantico, de que o líder do FMI se fazia passear num Porsche, teve como origem o círculo próximo do Presidente Sarkozy, que dias antes da divulgação da imagem declarara que ele, apelidado de «Presidente dos ricos», «não era nada ao lado de Strauss-Khan».

Também na semana passada, foram revelados dados sobre o património imobiliário de DSK, que inclui casas em Marrocos e nos Estados Unidos. E dias depois, o France-Soir acusava Strauss-Kahn de vestir fatos de 35 mil dólares.

Um homem 'vulnerável', mas não tanto

Tanto rivais políticos como colegas de partido convergem ao afirmar que DSK tem «um problema» com as mulheres, nota o Le Monde. Mas também é generalizada a sugestão de uma possível armadilha.

«Eu acho que provavelmente montaram uma armadilha contra Dominique Strauss-Kahn, e que ele caiu», afirmou a presidente do Partido Democrata-Cristão Christine Boutin. Quem é o autor da conspiração? «Tanto podia ser alguém do FMI, como da direita francesa, ou da esquerda francesa», admite.

Dominique Paillé, que até Janeiro foi porta-voz da UMP, diz acreditar que DSK, «vulnerável» perante as mulheres, pisou uma «casca de banana».

«Não podemos deixar de pensar numa armadilha», disse o ministro francês para a Cooperação Henri de Raincourt (UMP).

Mais próxima de Strauss-Kahn, a socialista Michèle Sabban sugere um «complô internacional» contra o francês. «Mais do que a candidatura presidencial, quiseram foi decapitar a liderança do FMI», acusou Sabban, para quem DSK era, por inerência das suas funções num cenário de crise internacional, «o homem mais importante do mundo depois de Obama» [Fonte]

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