A democracia defendida pela nossa 'grande imprensa independente' é a mesma de Bolsonaro

Assim como todo aniversário tem soprar das velinhas e parabéns pra você, aniversário do Blog do Mello (ontem completamos sete anos) não estaria completo sem o vídeo em que o deputado Bolsonaro mostra como nossa mídia que se diz democrática, que chama Chávez de golpista e Fidel de torturador e ditador, se comportou em seguida ao golpe militar de 1964, que eles incentivaram e ajudaram a propagar.





Mas não posso deixar também de lamentar que nosso Congresso ainda acolha entre seus pares um deputado como esse. Há alguns anos publiquei aqui uma postagem criticando uma entrevista de Bolsonaro a Diego Salmen, no Terra Megazine, onde ele conseguiu novamente espaço para divulgar pérolas de seu (ahan) pensamento político. Ao repórter, ele afirmou:

O pessoal da esquerda todo diz que foi torturado, mas você não encontra ninguém com uma marquinha na pele.

Não é de se estranhar que o deputado faça semelhante declaração. Na coluna Painel, da Folha, de 13 de agosto de 2006 foi publicada a seguinte nota:
Barra pesada. Cartazes expostos na entrada do gabinete do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ): "Araguaia: quem procura osso é cachorro" e "Direitos humanos: o esterco da vagabundagem".

A explicação para o comportamento do deputado só pode ser uma. Como ele só se tornou oficial em 1977, portanto dois anos antes da anistia, perdeu a oportunidade de torturar, que alguns de seus colegas de farda tiveram durante a ditadura. Talvez tenha saudades do que não fez, e gostaria que aqueles velhos tempos voltassem para que pudesse dar vazão a seu instinto.

Tenho certeza de que a maioria das Forças Armadas discorda das palavras do deputado, que se elege não por defender suas (ahan) idéias, mas melhores salários e mais verbas para Exército, Marinha e Aeronáutica – o que já está sendo feito pelo governo.

A tortura é uma ignomínia. No caso do deputado, à ignomínia soma-se o escárnio com os torturados e desaparecidos.

O que espera a Câmara dos Deputados para instaurar um processo da Comissão de Ética contra ele?


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