Roberto Civita, da Veja, também é 'a favor de um certo tipo de regulamentação' das comunicações. Só falta o governo

Outro dia, o ex-presidente FHC defendeu uma regulação da mídia. Agora, inacreditavelmente, o presidente do grupo Abril, que edita Veja, Roberto Civita, foi na mesma direção. Em palestra no V Congresso de Comunicação,  Civita disse:

É preciso haver um equilíbrio nessa questão. Aqui foi dito por diversas vezes que liberdade implica em responsabilidade. Mas não se pode obrigar ninguém a ser responsável. Não temos como ensinar isso. Portanto, sou a favor de um certo tipo de regulamentação.

Sem entrar em detalhes agora sobre a afirmação do dono da Veja (tá, eu não resisto, vou falar só um pouquinho: está certo que "não se pode obrigar ninguém a ser responsável", como ele diz, mas é perfeitamente possível demitir os irresponsáveis, os que constroem matérias que favorecem bandidos,uma revista que - deixa eu voltar ao post...), o que me vem à cabeça é que o grupo de FHC e apoiadores midiáticos, sentindo que uma regulamentação da mídia (que não tem nada a ver com censura) é inevitável, estão tentando fazê-la à sua maneira, lampedusamente:

Se queremos que tudo permaneça como está, temos que mudar tudo.


As palavras de Civita fizeram um contraponto às dos outros dois palestrantes, o presidente do STF, ministro Ayres Britto, e principalmente o presidente do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), Gilberto Leyfert, a favor de uma desregulamentação geral, onde só faltou defender claramente (se é que não o fez, pois não tive acesso à íntegra de sua palestra) a liberação da propaganda do fumo e das bebidas de alto teor alcoólico e de qualquer tipo de remédio, porque, segundo ele, "a liberdade de expressão está sofrendo bullying".

Leyfert é defensor ferrenho da liberdade plena de expressão comercial, na qual a autorregulamentação - e somente ela - puna ou corrija os eventuais abusos. Não é necessário que eu diga que quem julgaria qualquer violação seria o Conselho presidido pelo senhor Leyfert...

Bom, mas fala FHC, fala o presidente da Abril, ambos defendendo uma regulação da mídia, falam os blogueiros no Encontro da Bahia, o PT já tomou uma decisão nesse sentido, mas falta o governo, do sumidão ministro Paulo Bernardo, que parece estar esperando Godot - ou em vez de Godot seria o dotô Marinho?

Alguém avisa pra ele que o dotô já morreu?