Se Gilmar Mendes fosse o que afirma ser, ele se declararia impedido de julgar o 'mensalão'

Não há a menor condição de o ministro do STF Gilmar Mendes julgar o chamado "mensalão do PT" como todos os casos devem ser julgados, com a isenção possível (afinal, somos todos humanos, sujeitos a nossas idiossincrasias), baseado nos autos do processo e na Lei.

O tal encontro entre Gilmar, o ex-ministro Jobim e o ex-presidente Lula, com todas as idas e vindas das declarações de Mendes, mostra que o ministro não tem condições emocionais de julgar o tal "mensalão".

Com suas posições radicalizadas, com um palavreado que passa ao largo de um juiz da Suprema Corte do país, Gilmar se colocou numa sinuca de bico:

  • Se condena os indiciados, será acusado de agir com o fígado e para mostrar que não cede a pressões.
  • Se, ao contrário, absolvê-los - especialmente o acusado-mór, aquele a quem a mídia corporativa dedica atenção e ódio especiais, José Dirceu - não vai escapar da suspeita de ter aceitado o acordo que afirma que lhe teria sido proposto pelo ex-presidente Lula.

Sendo mais rigoroso na análise das destrambelhadas declarações do ministro, ele deveria se julgar impedido também para não constranger os colegas com sua presença, nesse julgamento específico.

Como se isso tudo não bastasse, ainda falta ao ministro mostrar ao Brasil cópia do cartão de embarque do trecho São Paulo-Brasília, daquele voo que partiu de Berlim, no qual ele veio em companhia do ainda senador Demóstenes Torres, o Hipócrita.

Gilmar já apresentou comprovante de que pagou pelas passagens, o que não significa que voou no voo que pagou. Pode ter aberto mão da passagem para seguir viagem com seu companheiro Demóstenes, no jatinho que levou o ainda senador de São Paulo a Brasília.

Afinal, como o próprio ministro Gilmar afirmou, ele viajou duas vezes num jatinho particular com Demóstenes. Por que dispensaria um voo particular, com suas mordomias e a companhia do amigo, com quem dividia um alegre convívio desde Praga, passando por Berlim e chegando a São Paulo?

Só que o voo era das Organizações Cachoeira.