Afinal, qual o poder de voto dos evangélicos? Ou: Se Malafaia é tão poderoso porque seu candidato tem apenas 1%?




Bastaram quatro tuitadas de um pastor histriônico no Twitter para a candidata Marina Silva (PSB, enquanto não consegue armar sua Rede) mudar seu programa de governo no aspecto relativo a direitos LGBT.

Muitos também se rendem, por causa do tal poderio dos evangélicos, esse grupo que parece palheta de inúmeras cores mas, dizem, vota em bloco e abarcaria imenso poder de voto.  

Segundo o Censo 2010 do IBGE, os que se dizem evangélicos são 42,3 milhões de fiéis, ou 22,2% da população. A Igreja Católica fica com uma quantidade quase três vezes maior, 64.6%.

Segundo afirmação desses pastores - o histriônico Malafaia à frente -, o candidato do "povo evangélico" para a presidência da República este ano é também um outro pastor, o Everaldo.

No entanto, segundo pesquisas do Ibope e do Datafolha publicadas ontem, o pastor tem apenas 1% das intenções de voto.

Afinal, qual o verdadeiro poder de voto dos evangélicos?

Se todos os que assim se confessam estiverem em idade de votar e o fizerem, 22,2%. Então, por que o Everaldo tem apenas 1%? Explica aí, Malafaia.

Na verdade, o voto dos evangélicos parece se direcionar aos proporcionais, antes que aos majoritários. É aí que eles concentram suas forças. Tanto que o número de pastores candidatos à Câmara dos Deputados "subiu de 193, em 2010, para 270 neste pleito, um aumento de 40%. Como termo de comparação, somente 16 padres católicos são candidatos em todo o País. A bancada evangélica projeta um crescimento de 30%, podendo chegar a 95 deputados federais e senadores. Atualmente, ela conta com 73 congressistas, de acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar". [Fonte].


É com esse poder de voto não nas urnas para os majoritários mas no Congresso para dobrá-los e colocar os avanços do país de joelhos, que contam os evangélicos. Para isso valem-se de um poder que cresce isento de impostos e que se apresenta de bolsos bem abertos para os dízimos dos fieis. Dízimos que são injetados nas campanhas a fim de eleger um número cada vez maior de evangélicos...

Parafraseando um dito popular: Dízimo a quem doas que dir-te-ei quem és.


OBS: Não dou links para a mídia corporativa porque eles também não nos linkam quando nos citam.

Madame Flaubert, de Antonio Mello