Processo de Aécio contra 'tuiteiros' é pura incompetência, desprezo à liberdade de expressão e até possível vendetta


Eu, robô

O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) acionou o Twitter na Justiça de São Paulo para descobrir dados cadastrais e registro eletrônico de 66 usuários da rede social apontados como supostos integrantes de uma "rede virtual de disseminação de mentiras e ofensas". Na ação, o tucano sugere que os usuários seriam pagos para compartilhar ataques e usariam robôs para publicar conteúdo negativo sobre ele.[Fonte: R7]

Entre os acusados, este "robô" que vos escreve há nove anos este blog, que, em 2008, em votação livre e auditada pela internet, ficou em sétimo lugar entre os melhores blogs políticos do Brasil:

1. Nassif
2. Mino
3. Dirceu
4. Reinaldo
5. Azenha
6. Cidadania
7. Mello
8. Amigos do Presidente Lula
9. Desabafo País
10. Rovai
Daí vem o primeiro tópico do título desta postagem, a incompetência de Aécio e sua tropa de advogados. Incompetência dupla. Porque seria facílimo perceber que não sou um robô. E, pior, no período de 29 de maio a 25 de agosto (a ação foi proposta no dia 26) o robozinho aqui deu umas 30 tuitadas aproximadamente (que robozinho preguiçoso!... É tipo aecinho...). Destas, apenas uma se referia ao pobrezinho, e vai reproduzida a seguir:


Será que na verdadeira tropa de advogados do candidato não tinha unzim pra pedir a um estagiarim pra dar juma olhada nos 66 tuiteiros ou robôs a modi identificá quem é quem?

Desprezo à liberdade de expressão é evidente. Se, ainda candidato, ele se comporta assim, imagina se chegasse à Presidência... Iria transformar o Brasil numa grande e silenciosa Minas, sob censura nos seus governos, como denuncia Altamiro Borges (outro robô (kkk) acusado):

“O Aécio vive posando por aí de defensor da liberdade de expressão. Diz diante dos holofotes que a regulamentação dos meios é censura”.
“Só que todo mundo sabe que ele um grande censor. É só acompanhar a história da imprensa em Minas Gerais. É uma imprensa totalmente controlada por ele e pela irmã Andrea Neves. Os jornalistas têm a cabeça pedida por telefonema”.
“O Aécio é um oligarca de Minas. Um senhor de escravos de Minas.O processo contra os 66 tuiteiros retrata o jeito truculento de Aécio agir. Comprova que ele é um grande censor”.
“O Aécio não aceita críticas. Ele gosta muito da companhia da midiazona que não foi atrás dos ‘aecipoportos’, por exemplo. Ele detesta que fiquem lembrando dos aecioportos”.
“Outro motivo para estar nervosinho, esperneando, são as pesquisas eleitorais. Ele, que achava que iria o segundo turno, está correndo o risco de perder até em Minas Gerais” [Fonte: Viomundo]

A possível vendetta me veio a partir de um raciocínio. Eu me perguntava a troco de que, a essa altura do campeonato, eleição praticamente perdida, quando candidatos nessa situação buscam uma saída honrosa, Aécio proporia uma ação como essas, que só o levaria do nada a lugar algum.

Aí me lembrei que ele não é muito chegado ao trabalho, nada aprovou no Senado, e mesmo quando governador de Minas vivia no Rio (o que repete como senador). Veio à minha cabeça, então, que essa poderia ser uma ação interna, de gente da campanha.

Foi quando me lembrei de um editor da Veja que saiu da revista para a campanha de Aécio, que recebeu uma crítica forte do Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, que já foi homem forte lá na Abril, e que também está na lista dos tuiteiros robôs (kkk).

O jornalista Otávio Cabral, editor executivo da Veja, deixou a revista para se juntar à campanha de Aécio Neves.
A pergunta que emerge é: quando, em outros tempos, um editor executivo deixaria a Veja para fazer uma campanha que, muito provavelmente, vai terminar em lágrimas?
Isso quer dizer: a não ser que ocorra uma surpresa espetacular, e nada até aqui sugere que possa ocorrer, Cabral arrumou um emprego de cinco meses.
É a morte da perspectiva de carreira na Veja e, de um modo geral, na mídia impressa.
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Cabral provavelmente mudará de ramo. Primeiro, porque a mídia em que é especializado é moribunda.
Segundo, porque ele se queimou consideravelmente ao fazer o serviço sujo para a Veja contra Dirceu, de quem ele escreveu uma infame biografia que se celebrizou pelo copioso número de equívocos.
Cabral estará para sempre associado ao desvario editorial da Veja dos últimos anos. É o final de linha de uma trajetória pouco edificante no jornalismo.
(...)Quem pode sair sai da Veja e da Abril – nem que seja, como aconteceu com Cabral, para pegar uma emprego de cinco meses para cuidar de um cavalo em quem ninguém aposta.{Fonte:DCM]
Terá o ex-editor de Veja assumido a imagem de Aécio como cavalo, aproveitado para cavalgar seu ressentimento pelas palavras de Paulo Nogueira e, através do processo, promover sua vendetta particolare?...

Para encerrar, republico trecho da nota da coligação do candidato perdido, onde se lê que "Por equívoco, foram incluídos na lista perfis reais, cuja atuação não se confunde com  as ações criminosas que estão sendo identificadas. Esses nomes serão excluídos da ação, uma vez que manifestação de opinião não se confunde com ações ilegais de calúnia e difamação".

Dezenas de milhões de reais investidos numa campanha e eles movem um processo, em nome do candidato, com "equívocos" desse tamanho... É muita incompetência junta para tentar vencer uma eleição presidencial, não?

Recado para o candidato: Senhor Aécio, quem se preocupa com a imagem que outros tentam construir a seu respeito, deve, antes e primordialmente, cuidar de sua própria imagem. Seu jeito cambaleante no Bar Cervantes do Rio de Janeiro e na entrevista ao Estadão, em que se portava como um joão bobo rodopiando, não causam boa impressão em ninguém. Aja de modo a não precisar fugir do bafômetro também durante a eleição.

Alias, não seria bom se tivéssemos exames antidoping para candidatos?


OBS: Não dou links para a mídia corporativa porque eles também não nos linkam quando nos citam.

Madame Flaubert, de Antonio Mello