'Pacote de maldades' de Dilma fez a alegria do Mercado, dos banqueiros e tucanos, e aumentou o descrédito na política e nos políticos

(Postagem feita originalmente em 26 de janeiro de 2015, primeiro mês do primeiro ano do segundo governo da presidenta Dilma)

O pior do "pacote de maldades" de Dilma (Levy é subordinado a ela) não é o pacote em si, mas o descrédito da política como mediação das demandas da sociedade. A desmoralização do PT. Dar razão aos risinhos debochados dos que acham que políticos são todos iguais.

O simbólico do pacote fica mais explícito em números: o governo pretende economizar R$ 18 bilhões com as novas regras para o seguro desemprego (lado do trabalhador), mas com a outra mão aumenta a Selic três vezes, o que significa praticamente tirar os 18 bilhões dos trabalhadores e repassá-los aos rentistas (lado do Mercado).

Dilma tenta se blindar com o silêncio e a sinalização da ida à posse de Evo Morales e não a Davos.

Foi importante para marcar nossa união com a América Latina. Mas em Davos é que estava sendo jogado o jogo, aquele quem é quem e como se define no mundo, e a mensagem do Brasil foi oposta à que se escolheu e se votou na campanha.

Qual eleitor de Dilma se sentiu representado por Joaquim Levy e suas declarações neolibelês em Davos?

O mutismo da presidenta pode até garantir a Dilma aprovação em próximas pesquisas, porque o povão não está nem aí para essas medidas (só vão doer quando apertarem o bolso), mas elas "correm por fora", minam a credibilidade e podem se transformar de um momento a outro num tsunami, como o que ocorreu em junho de 2013 e jogou a popularidade da presidenta no chão.

Dilma cometeu seu pior erro, o que não é de se estranhar para quem se cerca de CardoZzzzzo e Mercadante: feriu de morte a imagem da "Coração Valente". Acovardou-se diante dos rentistas, do Mercado, deu a eles mais do que os cortes no seguro desemprego e os três aumentos da Selic. Deu a eles, aos olhos da população, especialmente aos eleitores de Dilma, a visão de que foram os derrotados que venceram a eleição.

Só nos resta torcer para que o estrago sofrido não tenha sido grande para o governo.
Mas para a política com certeza foi.

E, de sobra, para o PT, que com o pacotão da Dilma (embora seja governo o partido não é o governo) cai ainda mais em descrédito.

Vamos esperar que o silêncio de Dilma seja quebrado por um pacotão de bondades, em respeito aos que lhe deram votos confiando em sua história e seus compromissos, estabelecidos desde o governo Lula, ao qual ela sucedeu como CONTINUIDADE.

Que ela se lembre disso. Porque muitos de nós não nos esquecemos.