EM 1999, APROVAÇÃO DE FHC ERA IGUAL À DE DILMA. MAS A AVALIAÇÃO DE SEU GOVERNO ERA AINDA PIOR




Embora deite falação, critique a corrupção no atual governo e nada fale sobre a corrupção no seu, nem sobre o maior atentado cometido à nossa Constituição, a compra da emenda para sua reeleição (é bom lembrar que nem na ditadura, quando tinham a faca e o queijo nas mãos, os militares se atreveram a aprovar uma alteração para prorrogar mandatos...), o ex-presidente Fernando Henrique parece não apenas esquecer o que escreveu, mas também o que viveu.

Para seu infortúnio, como sempre, cada vez que FHC abre a boca, logo em seguida é desmentido pelos fatos. É o que faz hoje Marcos Coimbra na Carta Capital mostrando a avaliação altamente negativa de FHC e seu governo em 1999, primeiro ano de seu segundo mandato, como este é o de Dilma:

Em outubro de 1999, o Instituto Vox Populi fez uma pesquisa para a Confederação Nacional dos Transportes. Amplamente noticiada à época, seus resultados, lidos hoje, permanecem instrutivos. O governo FHC tinha 8% de avaliação positiva, número idêntico ao registrado por Dilma neste momento. Separados por 16 anos e profundas diferenças políticas e biográficas, ambos chegaram, em momento análogo e pelos mesmos motivos, a uma crise de popularidade do mesmíssimo tamanho.  

O desemprego era a maior preocupação da população: 61% das pessoas o consideravam o problema “mais grave” do País, seguido pela violência e a miséria. Em relação aos três, o governo era percebido como inerte. Para 69%, ele tinha “pouco empenho” em resolver o desemprego. Segundo 78%, o mesmo acontecia em relação à insegurança, enquanto 81% não consideravam que se empenhasse em acabar com a miséria. 

O desânimo era grande: 50% acreditavam que o País estava “parado” e 36% entendiam que “andava para trás”. Quase metade (45%) dos entrevistados afirmava que sua situação estava “piorando”, ante apenas 14% que dizia que “melhorava”. 

O pessimismo a respeito das condições de vida era sublinhado por percepções de forte crescimento da corrupção e da impunidade: 74% dos entrevistados afirmavam que a impunidade estava “aumentando” e 83% diziam o mesmo da corrupção (49% tinham a opinião de que a corrupção estava “aumentando muito”). Para a vasta maioria da população, portanto, o governo não era apenas ruim, mas também incapaz de se corrigir.  

Dos resultados daquela pesquisa, o pior era, no entanto, outro ponto, aquele que mostrava quão baixa era, naquele Brasil, a autoestima do povo. À pergunta que pedia para os entrevistados pensarem em sua realidade e dizerem se acreditavam ter “chance de progredir na vida”, 16% responderam que “não tinham nenhuma chance” e 54% que “tinham pouca chance” de melhorar. Quase três em cada quatro brasileiros não confiavam em si mesmos. [Íntegra aqui]



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