Rio pode ter o verão mais violento de todos os tempos




Não é pessimismo. Não é desejo. Não é paranoia. Nem charlatanismo mãe dinah de final de ano. É apenas juntar os dados e somar ao que está acontecendo no mundo, no Brasil em particular e especial no Rio.

A onda de bode no mundo atingiu em cheio o país que estava surpreendendo a todos com desenvolvimento e autonomia, com a retirada de 40 milhões de pessoas da linha da miséria e com a sequência de anos em regime democrático, com governantes sendo eleitos por voto direto da população.

Mesmo diante da crise mundial de 2008, o Brasil parecia uma ilha de prosperidade, com os menores índices de desemprego da história, governos apoiados pela grande maioria da população e presidentes encantando os principais dirigentes do mundo.

De repente, tudo mudou. Basta ver a situação em que estamos agora, com recorde de desemprego, inflação quase em dois dígitos e as medidas recessivas, que começaram no segundo governo Dilma e se aprofundaram agora com o golpe de Temer e sua gangue.

Tudo piorou, e só comemoram golpistas, mercado financeiro e os que não estão entendendo nada, festejando a retirada dos petistas do poder, sem perceber que o que tiraram foi a rede de proteção que garantia o caldeirão Brasil em ponto de fervura, mas sem entrar em ebulição.

Agora, a coisa está feia. Rentistas, Judiciário, Legislativo, governantes ainda estão faturando os seus, com aumentos em grana e benefícios. O resto está lascado - muito, pouco ou mais ou menos. Mas lascado.

Fim ou restrição de programas sociais, do aumento do salário mínimo, e até de direitos trabalhistas como férias e 13º salário. Há até quem fale no fim da justiça do Trabalho.

Em nome do combate à corrupção, colocaram corruptos no poder. Outros, estão em casa, graças a delações premiadas. Fodidos estamos nós.

E aí, chego aonde me dirigia no início, meu Rio de Janeiro. Tudo de ruim que está acontecendo ao Brasil está escancarado no Rio. O estado quebrou. Não tem dinheiro para nada. E vai avançar ainda mais em direitos dos funcionários, pensionistas e habitantes, com aumento das alíquotas de ICMS em tudo.

Por aí já dá para ver como está o caldeirão.

Junte-se a isso a grave crise da segurança pública, quando o ex-secretário Beltrame sentiu o cheiro de borracha queimada e pediu o boné. Não há dinheiro para nada: treinamento e rancho da PM, manutenção das delegacias e batalhões, salários dos policiais. Nada.

É um salve-se quem puder.

Na capital, ainda há a natural tensão que sempre acontece nos feriados e finais de semana de muito sol, quando a luta de classes fica clara e explode na violência de arrastões, gangues da zona sul agredindo moradores de outros bairros, medidas da polícia para evitar que "suburbanos" invadam a praia etc.

Para não parecer alarmismo, olha só os números do ISP (Instituto de Segurança Pública), órgão oficial do estado.
  • Homicídio Doloso – No acumulado de janeiro a setembro de 2016 houve aumento de 17,8% (3.098 em 2015 – 3.649 em 2016). Mais 600 mortos
  • Roubo de Rua (Roubo a Transeunte + Roubo de Aparelho Celular + Roubo em Coletivo) - No acumulado de janeiro a setembro de 2016 houve aumento de 44,1% (63.714 em 2015 – 91.826 em 2016). Quase 30 mil roubos a mais. Detalhe: o mês de setembro bateu recorde histórico, foi o maior número de assaltos em todos os tempos. Exatos 18.075 roubos em todo o estado (os registrados, é claro), 6.413 a mais do que o registrado no mesmo período em 2015.

Por tudo isso que busquei resumir, e torcendo para que esteja errado, infelizmente o Rio pode ter o verão mais violento de todos os tempos.

Quem viver verá. Quem sobreviver verão.