Temer dá ordens a Janot e sugere anulação da delação do ex-diretor da Odebrecht. E a independência da PGR, Janot?


Com mão de gato (afinal um de seus mais próximos colaboradores é conhecido como gato angorá), bem de leve, como quem não quer nada, mas querendo tudo, o (ainda) presidente Temer enviou uma carta ao Procurador Geral da República Rodrigo Janot.

No documento, Temer pede "celeridade", e reclama da condução do processo pela PGR, que estaria atrasando o progresso das medidas tomadas pelo golpe:

"A condução dessas e de outras políticas públicas a cargo da União vem sofrendo interferência pela ilegítima divulgação de supostas colaborações premiadas e investigações criminais conduzidas pelo Ministério Público Federal, quando ainda não completado e homologado".

Pede que todo o processo seja acelerado, todas as delações sejam concluídas.

Aí você pensa: por que ele quer tanta pressa se é um dos acusados?

A resposta é: Porque é como o truque dos mágicos, distraem sua atenção para um lado, enquanto o truque está em outro. Temer sabe que por mais que os promotores sejam "céleres", são 77 os delatores. Têm que documentar todas elas e depois enviá-las ao ministro Teori Zavascki, do STF, que é o relator responsável pelo caso. Ou seja, é quem vai ou não homologar as delações.

Mas, vêm as férias... E só quando voltar delas o ministro Zavascki vai cuidar do caso, analisar uma a uma... Entenderam quando isso vai acabar?

Agora, onde está a mágica que o truque da celeridade buscou esconder? No finalzinho da página 2 [destacado na imagem], Temer sugere a anulação da delação que foi vazada (a do diretor da Odebrecht, que o envolve e à cúpula de seu governo com milhões em propina da Odebrecht). Ele diz que a divulgação de delações ainda não homologadas afrontam a lei (só agora com ele, no governo Dilma elas aconteciam todo final de semana) e "sugere" que Janot suspenda as tratativas, ou seja, anule a delação do ex-diretor Cláudio Melo Filho.

Não quer mais nada, não?

Sobre a delação que Temer quer anular, leia: