Efeito manada. Como manipuladores tratam você como gado no Facebook e no Twitter



A BBC Brasil está produzindo uma série de matérias de uma reportagem geral, intitulada Democracia Ciborgue, sobre o comportamento das pessoas nas redes sociais e a interferência de perfis falsos, robôs etc na manipulação da informação, especialmente na política, mas não apenas nela.

Ontem publiquei aqui uma postagem a partir de uma revelação que tirei de lá, e que se confirmou na publicada hoje: Aécio processou tuiteiros em 2014, acusando-os de serem robôs a serviço do PT, e no final quem usava robôs era ele, diz reportagem da BBC.

Os perfis publicavam constantemente mensagens a favor de políticos como Aécio Neves (PSDB) e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), além de outros 11 políticos brasileiros.

A reportagem fala no "efeito manada" e em como ele é utilizado.

A estratégia que vem sendo usada por perfis falsos no Brasil e no mundo para influenciar a opinião pública nas redes sociais se aproveita de uma característica psicológica conhecida como "comportamento de manada".
O conceito faz referência ao comportamento de animais que se juntam para se proteger ou fugir de um predador. Aplicado aos seres humanos, refere-se à tendência das pessoas de seguirem um grande influenciador ou mesmo um determinado grupo, sem que a decisão passe, necessariamente, por uma reflexão individual.
"Se muitas pessoas compartilham uma ideia, outras tendem a segui-la. É semelhante à escolha de um restaurante quando você não tem informação. Você vê que um está vazio e que outro tem três casais. Escolhe qual? O que tem gente. Você escolhe porque acredita que, se outros já escolheram, deve ter algum fundamento nisso", diz Fabrício Benevenuto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre a atuação de usuários nas redes sociais.
Ele estuda desinformação nas redes e testou sua teoria com um experimento: controlou quais comentários apareciam em um vídeo do YouTube e monitorou a reação de diferentes pessoas.
Quanto mais elas eram expostas só a comentários negativos, mais tendiam a ter uma reação negativa em relação àquele vídeo, e vice-versa.
"Um vai com a opinião do outro", conclui Benevenuto. Em seu experimento, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a influência estava também ligada a níveis de escolaridade: quanto menor o nível, mais fácil era ser influenciado.
(...) Para Yasodara Córdova, pesquisadora da Digital Kennedy School, da Universidade Harvard, nos EUA, e mentora do projeto Serenata de Amor, que busca identificar indícios de práticas de gestão fraudulentas envolvendo recursos públicos no Brasil, "a internet só replica a importância que se dá à opinião das pessoas ao redor na vida real".
"Se três amigos seus falam que um carro de uma determinada marca não é bom, aquilo entra na sua cabeça como um conhecimento", diz ela.


A reportagem mostra, também, a preocupação das pessoas com a manipulação política nas redes sociais e como isso afeta diretamente a democracia.

Aponta medidas, especialmente as tomadas e ainda por tomar, pelas principais redes, Twitter e Facebook.

Todos, inclusive o pessoal das redes citadas, dizem que estão muito preocupados e contratando gente para cuidar disso.

Mas, quem cuida dos cuidadores? Quem vai definir quando uma postagem é fake ou tendenciosa ou sei lá o quê?

Já se viu aqui que os filtros criados pelo Google têm atingido basicamente os sites de esquerda, com informação divergente daquela propagada pela mídia corporativa.

Veja o caso do Brasil, por exemplo. No país sob golpe, a pessoa informada pela mídia corporativa está totalmente alienada do que está acontecendo. Quando afirmam que a economia está bombando, o desemprego acabando etc., as pessoas ficam confusas com a realidade das ruas, cheias de pessoas pedindo dinheiro, comida, café, cigarro.

E, também, cá entre nós, obedece ao efeito manada quem se deixa tratar como gado, não pensa com a própria cabeça e fica procurando a opinião dos outros para "ver o que pensa sobre o assunto".

Sejamos críticos, desconfiemos das informações, procuremos outras fontes para corroborá-las ou não, ou seguiremos o efeito manada, em direção ao precipício que nos escondem à frente.

Leia a publicação de hoje da BBC Brasil aqui.


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