Ex-marine escreve em livro: ‘Sou um assassino psicopata treinado para matar’

Jimmy Massey: Durante quase 12 anos ele foi um marine. Trabalhou no recrutamento de jovens para guerra no Iraque. E comandando seu pelotão no solo iraquiano.

Recentemente, esteve em Caracas, na Venezuela, para lançar seu livro Cowboys de Infierno. Na ocasião, deu uma entrevista à jornalista Rosa Miriam Elizalde. A seguir, trechos da entrevista, que pode ser lida na íntegra aqui (em espanhol).

Jimmy Massey por ele mesmo

Tenho 32 anos e sou um assassino psicopata treinado para matar. Não nasci com essa mentalidade. Foi o Corpo de Infantaria da Marinha dos EUA que me educou para ser um gângster das corporações americanas. O que sei fazer é vender aos jovens a idéia de alistar-se nos marines e matar. Sou incapaz de conservar um trabalho. Para mim os civis são desprezíveis, atrasados mentais, uns fracos, uma manada de ovelhas. Eu sou seu cão pastor. Sou um predador. No Exército me chamavam "Jimmy o Tubarão".

Marines

Os Estados Unidos só têm duas maneiras de usar os marines: para tarefas humanitárias e para assassinar. Nos 12 anos que eu passei no Corpo de Marines dos Estados Unidos jamais participei de missões humanitárias.

O que significa ser um recrutador militar nos EUA

Ser um mentiroso. A administração Bush tem incentivado a juventude americana a alistar-se no Exército e o que basicamente faz – e eu fiz também - é atraí-los com incentivos econômicos. [Se tiver estômago para imagens fortes, visite esta página, com mais informações e fotos – algumas bem chocantes – dos soldados americanos que acreditaram nas promessas de Bush]. Durante três anos recrutei 74 pessoas, que nunca me disseram que queriam entrar no Exército para defender o país nem alegaram nenhuma razão patriótica. Queriam receber dinheiro para ir a uma universidade ou obter um seguro de saúde. E eu lhes descrevia primeiro todas essas vantagens e só ao final lhes falava que iam servir à pátria. Jamais recrutei o filho de um rico.

Iraque: O ‘inimigo’ armado pelos EUA

Cheguei ao Iraque em março de 2003. Meu pelotão foi a vários lugares antes ocupados pelo Exército iraquiano. O que vimos foram milhares e milhares de caixas de munições que levavam a etiqueta norte-americana e estavam aí desde que os Estados Unidos ajudaram o governo de Saddan Hussein na guerra contra o Irã. Vi caixas com a bandeira norte-americana e até tanques dos EUA. Meus marines – eu era sargento de categoria E6, uma categoria superior ao sargento, e dirigia a 45 marines - me perguntavam por que havia munições de nosso país no Iraque. Não entendiam. Os relatórios da CIA afirmavam que Salmon Pac era um campo de terroristas e que íamos encontrar armas químicas e biológicas. Não encontramos nada. Nesse momento comecei a pensar que nossa missão realmente era o petróleo.

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