O jornalismo ‘independente’ da Globo não deu tiro na Bolsa

O diretor de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, escreveu há tempos que o que define a independência da imprensa é a quantidade de anunciantes. Quanto maior, mais livre é. Comentei sobre isso aqui.

Mas o assunto hoje é outro. Tem a ver com isso, apenas porque mostra que a tal independência é só da boca pra fora. Foi o que fiquei sabendo ao ler um artigo do Uraniano Mota, no Direto da Redação.

Na segunda-feira, um operador da Bolsa de Valores de São Paulo tentou suicídio, bem no meio do pregão. Casado e pai de quatro filhos, o homem deu um tiro no próprio peito, enquanto os outros gritavam vende, vende, vende, compra, compra, compra. Detalhe importante: o suicida operava para a Corretora Itaú.

No entanto, a notícia não apareceu no Jornal Nacional.

Você, meu detetivesco leitor, você, minha investigativa leitora, pode nos ajudar a compreender por que o Jornal Nacional não noticiou a tentativa de suicídio?

a) Porque um corretor tentar suicídio no meio do pregão é fato corriqueiro
b) Porque a notícia não atingia o governo Lula
c) Porque a notícia não enaltecia o governador Serra
d) Porque o delegado Bruno não bateu a foto
e) Porque o corretor é da Corretora Itaú, o Itaú anuncia nos intervalos do JN, é um dos maiores anunciantes das Organizações Globo, e o Unibanco (comprado pelo Itaú) é o patrocinador do top de cinco segundos que antecede o jornalismo independente de Kamel

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