Bush e Obama, Sarney e Collor

Calma, já explico a mistureba do título. Em 1989 (opa, há 20 anos!) Collor elegeu-se, entre outras coisas (friso: entre outras coisas), por baixar o cacete no governo do àquela época presidente Sarney. Chamava-o de corrupto, no mínimo. Mas, no intervalo entre sua eleição e a posse, Collor encontrou-se com o corrupto (a afirmação é de Collor) Sarney e eles chegaram a um acordo.

Não me pergunte o que foi combinado, porque não sei. Imagine. Mas o fato é que o corrupto Sarney (sempre segundo Collor) decretou um feriado bancário para que Collor pudesse baixar o Plano Collor, a maior metida de mão em dinheiro público da história da humanidade – coisa que só poderia acontecer num país ainda anestesiado por anos de ditadura militar-midiática como o nosso.

O mesmo me parece estar acontecendo agora, na transição Bush-Obama. Israel propôs o ataque criminoso à faixa de Gaza, neste interregno em que o pato manco manca e o futuro finge que não está nem aí para os problemas do mundo, naquele período que o ex-governador Brizola classificava como o paraíso do político: o momento entre a eleição e a posse.

O silêncio de Obama é criminoso e cúmplice. Mas estratégico. Israel massacra, mata, cala a oposição interna para as eleições. Aí Obama assume e eles tiram o bode da sala. Israel concede um cessar fogo e Obama posa de estadista que busca a paz e o diálogo.

O mundo que esperava por mudanças está decepcionado. Espero estar enganado, mas Obama já disse ao que veio agora, quando está calado diante do genocídio israelense.

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