MP investiga CBF mais uma vez. Agora, R$ 9 mi

No último amistoso entre Brasil e Portugal, quando a seleção brasileira deu uma goleada de 6 a 2 num time português pra lá de desmotivado, além da chuva de gols também entrou em campo o mais novo escândalo envolvendo a CBF. Que, pra variar, não vai dar em nada.

A trama, bem de acordo com tudo o que cerca a entidade presidida por Ricardo Teixeira, envolve suspeita de desvio de verbas, superfaturamento, empresa-fantasma, laranja, e agora também a tchurma de Daniel Dantas. É o que li no Blog do Juca, do jornalista Juca Kfouri, e reproduzo a seguir [grifos meus]:

O repórter Gabriel Castro, da CBN-Brasília, revelou ontem que o contrato que resultou no jogo amistoso, em novembro passado, no Distrito Federal, entre Brasil e Portugal, e que terminou com a goleada brasileira por 6 a 2, está sob investigação do Ministério Público.

Um contrato de R$ 9 milhões.

Tudo porque o contrato, assinado pelo governador José Roberto Arruda e por uma tal Vanessa Almeida Preste, além do secretário de Esportes do governo do DF, foi feito com uma empresa aparentemente fantasma, a Ailanto Marketing Ltda, de Vanessa Preste e de Alexandre Rosell.

A Ailanto foi registrada pelo advogado Eduardo Duarte, apontado como laranja do banqueiro Daniel Dantas pela Operação Satiagraha, e não tem nem sequer telefone.

O governador José Roberto Arruda preferiu não se manifestar e a CBF disse desconhecer qualquer intermediação para jogos da Seleção Brasileira, cujos direitos são da empresa ISE, com sede nas Ilhas Cayman.

É interessante lembrar que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira já se viu em maus lençóis por causa de operações semelhantes que redundaram em duas CPIs.

E que um dos membros do Comitê Organizador da Copa do Mundo no Brasil, o advogado Francisco Mussnich, não só advogou para o banco Opportunity de Daniel Dantas como é namorado da irmã do banqueiro.

Alexandre Rosell, citado na reportagem como dono da Ailanto e ligado a ISE, é mais conhecido como Sandro Rosell, ex-presidente da Nike no Brasil quando a empresa passou a patrocinar a Seleção Brasileira, ex-vice-presidente do Barcelona e íntimo amigo de Ricardo Teixeira.

O Brasil já está cansado desses escândalos e sabe que o destino deles é um só: o arquivamento. Porque o envolvimento da CBF com os políticos é total. A ida da seleção aos estados traz prestígio e votos, portanto, os políticos adoram o “doutor” Ricardo Teixeira, que escalou a CBF por ter sido genro do antigo presidente, João Havelange, o que transforma a entidade numa capitania hereditária, em pleno século XXI.

Falo CBF como também poderia estar falando do COB, entidade presidida pelo Nuzman, também envolvida em escândalos e superfaturamentos de toda espécie, que também não dão em nada, naquela tradicional manemolência brasileira, do vamos deixar como é que está pra ver como é que fica.

Ainda outro dia, uma reportagem mostrou que 80% da verba destinada ao COB é gasta com a estrutura burocrático-administrativa da entidade. Os atletas ficam com um quinhãozinho, a ponto de uma atleta como a ginasta Jade Barbosa estar vendendo camisetas em seu site na internet para poder financiar uma cirurgia que precisa fazer no pulso.

Enquanto isso, os dirigentes do COB viajam pelo mundo e preparam projetos caríssimos, de bilhões e bilhões de dólares, para trazer as Olimpíadas para o Brasil.

Há pouco tempo, deputados queriam a abertura de uma nova CPI do Futebol, mas ela foi abortada com a justificativa de que a Fifa não admitiria a Copa do Mundo num país com sua entidade futebolística sob investigação. Logo, o escândalo de agora com a seleção portuguesa, deve ficar por isso mesmo. Ainda mais se ainda conta com o “prestígio” de gente de Daniel Dantas no pedaço.

Mais uma vez, tudo vai ficar guardado em algum lugar recôndito, bem longe do sol da realidade. Porque, como disse Ricardo Teixeira certa vez, ‘Se o relatório for aprovado, nós estamos fodidos’.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail