Reportagem de Veja sobre Protógenes. Um dos dois está mentindo

A revista Veja publicou na edição deste final de semana uma “reportagem” com o suposto vazamento do conteúdo do computador e do pendrive do delegado Protógenes Queiroz, ex-responsável pela Operação Satiagraha, e que foram apreendidos em operação da Polícia Federal. Comentei sobre isso aqui.

Como era de se esperar (esse foi o objetivo de Veja), a mídia corporativa está deitando e rolando. Repetindo o mesmo esquema de 2006 – Veja publica, os outros repercutem – o Jornal Nacional embarcou na mesma das edições online da Folha, do Estadão e de O Globo. Todos falaram nas supostas irregularidades cometidas, em depoimentos comprometedores, acusações contra membros do governo. Tom grave.

Curiosamente, ninguém citou trecho de revista que afirma que apenas três arquivos (dos mais de mil a que Veja teria tido acesso) não puderam ser investigados pela revista. Os três teriam os nomes “Tucanos”, “Serra” e “FHC”... Precisa falar mais? Por que Veja não teria tido acesso a podre algum envolvendo exatamente os tucanos, heim?

O Jornal Nacional tratou de entrevistar o ex-presidente tucano e o presidente eleito pela mídia. FHC malhou (“Isso é um escândalo”). Serra criticou também, mas foi mais evasivo (“O importante é investigar e o governo federal responder por isso, caso isso seja verdadeiro”. [reportagem do JN aqui]

Depois, “para ouvir o outro lado”, o JN afirma que procurou a PF, Dilma Roussef, Gilberto Carvalho, José Dirceu, Mangabeira Unger e ACM Júnior. Todos não teriam sido encontrados ou não quiseram dar declarações. O presidente da Câmara teria convidado o deputado Marcelo Itagiba (aquele que organizou a arapongagem de Serra no Ministério da Saúde de FHC) para uma reunião. O senador Heráclito Fortes teria dito que “espera que a justiça puna o abuso de poder de forma exemplar”.

Agora, faço uma pergunta a você que me lê: Se a “reportagem” de Veja foi sobre o suposto conteúdo do computador e de um pendrive do delegado Protógenes, por que ele não foi procurado pela reportagem? Por que ele não foi procurado por nenhuma reportagem, nem do Estadão, nem da Folha, nem de O Globo, nem da Veja?

Por um motivo simples, que Paulo Henrique Amorim descobriu ao fazer o que ninguém havia feito: ligou para o delegado para saber o que ele achava, se aquilo estava realmente no seu computador.

A resposta de Protógenes foi: - Tudo o que está na tal “reportagem” de Veja é mentira.

Agora não tem jeito. Um dos dois (Protógenes ou Veja) está mentindo. Se a PF mostrar o conteúdo do computador e confirmar o que está na reportagem, é o fim de Protógenes. Se não... bem, aí Veja finge que não tem nada a ver com o assunto e lança outra garrafa ao mar de lama.

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