Para Folha, terrorista não era a ditadura, mas quem a combatia

Reprodução de página da Folha que chama Dilma de líder terrorista

Está aí, na imagem acima, que é reprodução de uma página da Folha de ontem, com todas as letras a afirmação de que a ministra Dilma Roussef era “ex-integrante da cúpula da organização terrorista”.

Mas, peralá, quem classificava os guerrilheiros como terroristas era a ditadura – eles, sim, os verdadeiros terroristas. Afinal, quem subjugou o país pelas armas, derrubou um governo constitucionalmente eleito, em eleições livres e democráticas, e implantou a ditadura no país? Uma ditadura que sequestrou, torturou, assassinou. Uma ditadura que impôs a censura, o terror, o medo.

Mais uma vez a Folha deixa cair a máscara e mostra de que ponto de vista ela enxerga nossa história.

Além de chamar a ministra de chefe de organização terrorista, o jornal fez uma reportagem sobre um pseudofato (o suposto seqüestro que seria feito de Delfim Netto), negado de forma veemente por Dilma:

FOLHA - Só para deixar claro, a sra. não se recorda desse plano para sequestrar o Delfim?
DILMA
- Não. Acho que o Espinosa fantasiou essa. Sei lá o que ele fez, eu não me lembro disso. E acho que não compadece com a época, entendeu? Nós acabamos de rachar com um grupo, houve um racha contra a ação armada e vai sequestrar o Delfim? Tem dó de mim. Alguém da VAR que você entrevistou lembrava-se disso? Isso é por conta do Espinosa, santa. Ao meu conhecimento jamais chegou. Não me lembro disso, minha filha. E duvido que alguém lembre. Não acredito que tenha existido isso, dessa forma. Isso está no grande grupo de ações que me atribuem. Antes era o negócio do cofre do Adhemar, agora vem o Delfim. Ah, tem dó. Todos os dias arranjam uma ação para mim. Agora é o sequestro do Delfim? Ele vai morrer de rir.

FOLHA - De qualquer forma, obrigada por tocar nesse assunto delicado...
DILMA
- Eu estou te fazendo uma negativa peremptória. Para mim, não disseram. Tá?

Em outro trecho da entrevista, a ministra coloca a Folha no devido lugar:

FOLHA - A sra. faz algum mea-culpa pela opção pela guerrilha?
DILMA
- Não. Por quê? Isso não é ato de confissão, não é religioso. Eu mudei. Não tenho a mesma cabeça que tinha. Seria estranho que tivesse a mesma cabeça. Seria até caso patológico. As pessoas mudam na vida, todos nós. Não mudei de lado não, isso é um orgulho. Mudei de métodos, de visão. Inclusive, por causa daquilo, eu entendi muito mais coisas.

FOLHA - Como o quê?
DILMA
- O valor da democracia, por exemplo. Por causa daquilo, eu entendi os processos absolutamente perversos. A tortura é um ato perverso. Tem um componente da tortura que é o que fizeram com aqueles meninos, os arrependidos, que iam para a televisão. Além da tortura, você tira a honra da pessoa. Acho que fizeram muito isso no Brasil. Por isso, minha filha, esse seu jornal não pode chamar a ditadura de ditabranda, viu? Não pode, não. Você não sabe o que é a quantidade de secreção que sai de um ser humano quando ele apanha e é torturado. Porque essa quantidade de líquidos que nós temos, o sangue, a urina e as fezes aparecem na sua forma mais humana. Não dá para chamar isso de ditabranda, não.

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