Airbus da Air France: acidente ou omissão criminosa?

Está hoje na primeira página do Globo a informação de que a Agência Européia de Segurança de Aviação (Easa) emitiu um alerta em janeiro deste ano avisando que os modelos Airbus A330 (como o da Air France que se acidentou no domingo) e A340 podiam apresentar “comportamento anormal”, “podendo provocar até repentinos mergulhos em pleno voo”.

Peralá. Comportamento anormal, mergulhos repentinos em pleno voo e nada foi feito?

Não é de hoje que os Airbus apresentam “comportamento anormal”, geralmente relacionados ao sistema Fly-by-Ware, como já postei aqui, em julho de 2007.

Acidente com vôo JJ 3054 da TAM: Briga dos pilotos com sistema FBW (Fly-by-wire) do Airbus?

Fiz outro dia uma postagem aqui, Briga de pilotos e computadores pode ter causado acidente com Airbus da TAM. Pesquisei mais sobre o assunto e divido as descobertas com vocês:

Sobre o sistema FBW (Fly-by-wire) do Airbus, o engenheiro e professor de Engenharia Mecânica da Universidade do Porto, Portugal, Francisco Vasques, em curso ministrado em agosto de 2006 na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (um arquivo pdf com a apresentação em PowerPoint do professor pode ser baixado aqui), afirmou que:

Inicialmente vários dos acidentes dos Airbus foram atribuídos a erros humanos. Posteriormente foram detectadas insuficiências graves a nível da concepção das interfaces homem-máquina.

Na Wikipedia, há a incrível história do vôo de demonstração do desempenho do Airbus, logo à época de seu lançamento e que acabou do jeito que você pode ver no vídeo aí acima.

O vôo 296 da Air France foi um vôo de demonstração do desempenho do Airbus, que acabou explodindo a 26 de junho de 1988 na floresta que havia no final da pista do aeroporto da cidade de Mulhouse-Habsheim, sul da Alsácia, França. O A320-100, prefixo F-GFKC, transportava 6 tripulantes e 130 passageiros, dos quais 50 saíram feridos e 3 morreram, entre estes um tetraplégico e uma moça que não conseguiram escapar a tempo, ficando bloqueados na cabine que se incendiou na seqüência do desastre. Numerosos presentes filmaram a cena: vôo 296.

O acidente fatal ocorreu apenas dois meses depois do lançamento da aeronave. O piloto Michel Asseline, o primeiro oficial Pierre Mazière, dois funcionários da Air France e o presidente do aeroclube que patrocinou o evento foram julgados. O piloto foi condenado por homicídio culposo e sentenciado a pena de 6 meses na prisão mais 12 meses de condicional; os demais foram sentenciados a condicional. O piloto sempre negou a responsabilidade pelo acidente, que atribuiu ao painel de instrumentos da cabine do avião. Ele afirmou, após ver um vídeo do acidente, que o altímetro indicava uma altura de 30 metros de altura quando na realidade estava a apenas 9 metros.

Após esse acidente com o Airbus, um piloto de Boeing 747 da Air France, Norbert Jacquet, de 38 anos de idade, questionou a confiabilidade do avião, altamente computadorizado, bem assim a versão oficial fornecida à imprensa a respeito desse acidente. Também apontou a tentativa de se esconder graves defeitos na tecnologia do Airbus. Ele acabou demitido da Air France, acusado de insano, teve seu brevê revogado definitivamente e ainda passou por vários estabelecimentos prisionais franceses.

Sobre esse acidente, Norbert Jacquet escreveu um livro com o seguinte título: Airbus - L’assassin habite a l’Elysee, que pode ser baixado aqui, no original em francês.

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