‘O meu carro, se me permite a expressão, não há cu de peruano que aguente’, diz Gabeira

Quando se junta cu e peru, o pau come (epa!) ou então é ai, ui, ai, ui, aaai, uma loucura!... Mas isso é coisa da vida particular de cada um.
Menos quando entra na reta dinheiro público. Menos ainda quando quem usa dinheiro público de forma irregular é ninguém menos do que o Indiana Jones da moral e dos bons costumes, o Super-Ético Fernando Gabeira, aquele deputado do PV que disse que o ex-deputado Severino Cavalcanti era uma vergonha para a Câmara dos Deputados, exatamente por causa de sua política de merrequinhas. (Clique aqui e ouça a entrevista exclusiva que fiz com Severino Cavalcanti quando Gabeira foi flagrado em outro “desvio ético”).
Explico: A Folha (aquele jornal que publica fichas policiais falsas, que diz que a ditadura foi branda, e que emprestou carros para torturadores passearem com torturados até a “solução final”) publicou ontem uma reportagem (aqui, para assinantes) mostrando que teve acesso a “dados sigilosos” (como? Com que intenções? Eles procuraram os quebradores de sigilo ou foram por eles procurados?) que mostram que deputados usaram ilegalmente verbas indenizatórias da Câmara em suas campanhas políticas de 2008. Entre eles, Gabeira:
Um dos expoentes da Câmara, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) utilizou parte da verba indenizatória na disputa à Prefeitura do Rio em 2008: usou R$ 6.600 para alugar o carro que o transportou durante a campanha. Gabeira disse não considerar incorreta a atitude, porque a Câmara permite o aluguel de carros e porque ele repassou um carro seu (um Gol) para uso do gabinete.
"O meu carro, se me permite a expressão, não há cu de peruano que aguente. Os caras andavam comigo em um Gol, não dava para colocar quatro pessoas", disse ele -que, após as eleições, não cobrou mais da Câmara gastos com aluguel de carro. Gabeira disse que isso ocorreu porque ele comprou um carro para uso do gabinete.
Ao ver a cara de pau dessas éticas figuras, me recordo de um filme de Godard (não me perguntem qual, porque aí já seria muito para minha memória de pouquíssimos RAMs) em que o sujeito diz que quando ouve falar em ética (ou moral, sei lá, não recordo), “tenho vontade de puxar meu talão de cheques”. É isso.
Vomitar também vale, e além do mais é menos dispendioso (OK, menos chique também...)...
(Só pra não encerrar assim no ar: Alguém sabe a origem dessa expressão "asssim não há cu de peruano que aguente"?)

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