Revista Veja já sai da gráfica com prazo de validade das matérias vencido

A degradação da revista Veja sempre foi lenta e constante. Mas vem se acelerando ultimamente. Antes, você ia ao dentista e lá estava uma Veja do tempo em que Adriane Galisteu namorava Airton Senna, embora o piloto já estivesse morto e enterrado há tempos. Na sala de espera do consultório médico, Adriane namorava não sei quem. O médico o enviava a um especialista e lá outra edição de Veja informava que a Adriane estava separada, embora ela estivesse grávida naquele momento e casada. As reportagens duravam o tempo dos namoros de Adriane, sempre curtos e intercalados por temporadas de meditação na ilha de Caras.

Mas, agora não. O incauto e teimoso ou distraído (aquele que assinou a revista com cláusula de renovação automática e a recebe com o mesmo estoicismo com que se põe de quatro anualmente para o exame de próstata) assinante da revista, dependendo do lugar onde more, quando recebe a Veja ela já perdeu a validade.

Ontem, por exemplo, às onze da manhã, a principal matéria da revista, com a qual pensavam dar o último tiro em Palocci, estava morta. Palocci não havia alugado imóvel de um laranja, mas de uma imobiliária. O jornalismo macunaíma (ai, que preguiça), vagabundo e vazador de Veja foi incapaz de fazer o óbvio, antes de publicar a reportagem: perguntar ao ministro sobre o imóvel. E aí se expôs ao ridículo, quando o ministro exibiu cópia do contrato, que você pode conferir aqui.

Por isso, você, eu, quem de nós não recebe ofertas imperdíveis para assinar a revista? Não caio nessa, mas se você quiser exija ao menos um prazo de validade razoável como garantia. Porque a Veja conseguiu condensar a frase de Millor que dizia algo como o jornal de hoje embrulha o peixe de amanhã. Ela já fede a peixe morto nas bancas, ou no caminho, antes de chegar ao assinante.

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