Sérgio Cabral bota a PM em cima dos bombeiros. E quando chegar a vez da PM, governador, vai chamar quem?

Não se iludam os que pensam que o que está acontecendo no Rio de Janeiro entre os bombeiros e o governo de Sérgio Cabral é apenas algo incitado por radicais. As reivindicações dos bombeiros vêm de longe. O governador não os recebeu, não os recebe e agora os acusa de radicais. Isso é preocupante. Mas não é tudo. PMs também fazem reivindicações semelhantes às dos bombeiros e vêm recebendo o mesmo tratamento do governador.

Sérgio Cabral acha que nasceu com o Vasco virado pra lua e qualquer questionamento que lhe seja feito ele trata logo de desclassificar o emissário. (É assim nas UPAs, nas UPPs - leia aqui -, mas esta postagem é sobre os bombeiros).

Cabral se acha tão importante que chegou a ameaçar não votar em Dilma (embora 80% ou mais das realizações de seu governo sejam frutos da parceria com Lula), caso ela também dividisse palanque com Garotinho, à época candidato a governador por um partido da base aliada do governo, o PR.

Cabral já chamou médicos e professores de vagabundos. Usuários de trens suburbanos de marginais. Agora partiu para o ataque em cima dos bombeiros, o que pode lhe custar caro, muito caro.

Os bombeiros (que nos salvam os corpos sem cobrar nada, como os médicos) e os religiosos (que salvam as almas dos crentes) são os mais bem amados cidadãos do Rio, talvez do Brasil. E Cabral os chamou de "covardes, irresponsáveis e vândalos".

Se eles são covardes, como classificar o governador, que diz que o Rio está pacificado, mas só anda de carro blindado, cercado por pelo menos outros oito carros de segurança e mais batedores de motos, e só se locomove no estado por helicóptero?

A verdade é que o mito do Rio pacificado é financiado pela publicidade do governo Cabral, que distribuiu no ano passado quase meio bilhão de reais para o PIG. E o PIG, a gente sabe, adora dinheiro, tanto que o porquinho é o animal mais utilizado como cofre.

Mas, eu quase me perdia do título da postagem. O que eu quero dizer com ele é o seguinte: a rebelião dos bombeiros não surgiu agora. Nem há um mês, ou ano. É um movimento que se delineia desde o início do governo Cabral. E eles não são os únicos. Os policiais militares também estão revoltados com Cabral. E isso também não é de hoje.

Se agora Cabral usou a PM para tentar calar os bombeiros, quem ele vai usar contra os PMs, quando esses repetirem os bombeiros de agora, o que vai acontecer mais cedo ou mais tarde?

E vai acontecer porque Cabral não os recebe, não ouve suas reivindicações, não senta na mesa para negociar. Exatamente como fez com os bombeiros. É esperar para conferir.

A blogosfera é a grande arma que está sendo usada pelas duas corporações. São blogs e redes sociais divulgando a luta de bombeiros e PMs e denunciando a farsa do governador Cabral. Que teima, como um Mubarack tupiniquim, em ignorar a realidade que bate à porta do Palácio Guanabara.

Para um apanhado geral dos últimos dias, sugiro a leitura desta postagem do Blog Pauta do Dia, da jornalista Roberta Trindade, de onde tirei a seguinte informação, que mostra que o salários dos bombeiros do Rio de Janeiro é o pior do Brasil:

SALÁRIOS BRUTOS DE BOMBEIROS NO BRASIL:

01º – Brasília – R$ 4.129.73
02º – Sergipe – R$ 3.012.00
03º – Goiás – R$ 2.722.00
04º – Mato Grosso do Sul – R$ 2.176.00
05º – São Paulo – R$ 2.170.00
06º – Paraná – R$ 2.128,00 1
07º – Amapá – R$ 2.070.00
08º – Minas Gerais – R$ 2.041.00
09º – Maranhão– R$ 2.037.39
10º – Bahia – inicial – R$ 1.927.00
11º – Alagoas – R$ 1.818.56
12º – Rio Grande do Norte – R$ 1.815.00
13º – Espírito Santo – R$ 1.801.14
14º – Mato Grosso – R$ 1.779.00
15º – Santa Catarina – R$ 1.600.00
16º – Tocantins – R$ 1.572.00
17º – Amazonas – R$ 1.546.00
18º – Ceará – R$ 1.529,00
19º – Roraima – R$ 1.526.91
20º – Piauí – R$ 1.372.00
21º – Pernambuco – R$ 1.331.00
22º – Acre – R$ 1.299.81
23º – Paraíba – R$ 1.297.88
24º – Rondônia – R$ 1.251.00
25º – Pará – R$ 1.215,00
26º – Rio Grande do Sul – R$ 1.172.00
27º – Rio de Janeiro – R$ 1.134,48 (SEM VALE TRANSPORTE)

Para ver o desenvolvimento da crise dos bombeiros (apenas no último mês) clique aqui. A dos PMs, aqui.