O Globo pede a cabeça de Cunha em editorial e ameaça Temer: 'que não se envolva em tentativas de defender o indefensável'

Agora vai. Ou agora sai. O Globo, na prepotência senhorial dos Marinho, soltou editorial pedindo a cabeça de Eduardo Cunha.

Começa pelo título: "Cunha ultrapassa todos os limites".

Dilma afastada, O Globo tira o Cunha da reta.

Vai ser briga de cachorro grande. Porque a Globo pode muito, mas Cunha trabalha nos bastidores, fora dos focos e dos refletores.

Temer além de usurpador, como todo covarde é um cagão. Sua imagem afundado no assento traseiro do carro, fugindo com medo da multidão diante de sua casa em São Paulo, é definitiva.



Mas, agora, Temer está numa sinuca de bico. Globo por um lado, Cunha pelo outro. E Cunha sabe muito bem o que Temer fez nos verões passados. (Leia aqui Em mensagem pelo WhatsApp Cunha reclama de 5 milhões para Temer: - Cadê o meu?).

Uma das últimas manipulações de Cunha no Conselho é garantir com o PRB, partido da deputada Tia Eron (BA), o voto dela sobre o relatório do pedido de impeachment, e que pode ser decisivo. O presidente licenciado do partido, Marcos Pereira, ministro de Temer na Indústria e Comércio, seria elo da trama montada para livrar Cunha integralmente ou condená-lo a uma pena leve, como suspensão. Mas a maré não está mesmo favorável ao deputado, e não apenas devido ao avanço da Lava-Jato sobre as contas suíças, pelo flanco dos gastos luxuosos de Cláudia Cruz.

Também cresce de importância a atuação de Cunha na CEF, por meio do vice-presidente Fábio Cleto, indicado por ele e demitido por Dilma assim que o deputado aceitou o pedido de impeachment. Pois Cleto aceitou fazer delação premiada, e assim se cravam mais estacadas no peito de Cunha.

Só os empresários da Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Jr., relatam propinas de R$ 52 milhões para Cunha, a fim de liberar recursos para obras no Porto Maravilha, de responsabilidade da Odebrecht e da OAS. É uma aula prática de por que políticos querem nomear diretores de banco públicos. O caso fez Janot, ontem, encaminhar mais uma denúncia contra Cunha. Que o governo Temer não se envolva em tentativas de defender o indefensável. [Trecho do editorial de O Globo]