A tal entrevista-bomba de Joesley é só uma bomba, não é entrevista. Escrita a quatro ou seis mãos, por advogados, procuradores e Rede Globo o objetivo é:
- livrar um pouco a cara de Joesley e tentar diminuir ou estancar o estrago na imagem do grupo - afinal, são dos maiores anunciantes da Globo;
- deixar clara a participação de Temer em corrupção, "É o chefe", o que não acontecera na gravação entre Joesley e Temer;
- culpar o PT de ter dado o pontapé inicial de tudo;
- colocar Guido Mantega em foco para livrar Palloci, que assim pode ser absolvido e, portanto, não fazer sua temida (pela Globo, inclusive) delação premiada.
Se uma entrevista dessas não fosse fake, notícia fabricada nos porões do golpe, com o poder explosivo que tem, ela seria publicada no principal órgão impresso das Organizações Globo, o jornal O Globo, e não na revista Época.
Saiu em O Globo quando foi o furo da gravação, mas agora foi jogada para a Época, que serviu apenas de munição para o Jornal Nacional atacar Temer. O empenho das OG em divulgar a "entrevista" foi tanto que a revista chegou a ser distribuída como cortesia a assinantes de O Globo.
Mas, volto a dizer, não houve a tal entrevista. Basta ouvir as gravações de Joesley para ver que o Joesley da Época não era o mesmo do grampo. Foi texto preparado por advogados, com objetivos claros. E omissões também reveladoras. Nada de Meirelles, por exemplo (controlador do grupo e presidente do banco deles, antes de vir para o governo Temer). Nada de explorar as contradições e buracos da "entrevista".
O que aconteceu foi o seguinte: pegaram o texto dos advogados e deram para o editor da Época com a seguinte ordem: Transforma isso aqui numa entrevista. Mas não mexe no texto. Nem acrescenta nem retira. Cria umas perguntas só para dar a impressão de entrevista e publica.
Foi isso.
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