TSE só tem uma saída: Proibir distribuição de listas e grupos no WhatsApp até o dia das eleições

Manchete da Folha com denúncia de uso ilegal do WhatsApp

Sou totalmente contrário a fechar o aplicativo. Seria censura a uma forma de comunicação popular, que usa o WhatsApp no seu dia a dia para fugir das tarifas das operadoras de telefonia.

Mas bloquear a distribuição de listas e grupos pelo WhatsApp até o dia das eleições é a única maneira de ainda tentarmos dar um ar de lisura a uma campanha que já está contaminada pelos milhões investidos por empresários no aplicativo, que ajudaram a levar o candidato Bolsonaro ao primeiro lugar nas pesquisas, principalmente graças a fake news e ataques ao PT.

A reportagem de Patrícia Campo Mello hoje na Folha (publiquei sobre ela hoje aqui) mostra o tamanho do problema e da ilegalidade. Ilegal porque é proibida a doação empresarial nesta campanha. E o tamanho do problema está denunciado num trecho da reportagem que afirma que todas as empresas que fazem o serviço de distribuição de mensagens massivas (milhões e milhões delas) já estão comprometidas e não aceitam mais encomenda alguma para a última semana das eleições.

Empresas investigadas pela reportagem afirmaram não poder aceitar pedidos antes do dia 28 de outubro, data da eleição, afirmando ter serviços enormes de disparos de WhatsApp na semana anterior ao segundo turno comprados por empresas privadas.

Que é possível bloquear apenas grupos e listas, é. Pelo menos é o que informa indiretamente Chris Daniels, Vice-presidente do WhatsApp, em artigo publicado também na Folha de hoje.

Para manter essa característica pessoal e privada do WhatsApp, nós começamos a testar neste ano um limite do número de vezes que uma pessoa pode encaminhar um conteúdo para 20 conversas. Antes, as pessoas podiam encaminhar uma mensagem para 256 conversas. Esse teste foi baseado na ideia de manter o WhatsApp como um ambiente para conversas privadas.

Quem pode limitar para 20, pode limitar para zero, apenas durante este período até o dia das eleições. É o futuro do país que está em jogo.

A campanha pode seguir normalmente em condições de igualdade. Ambos os candidatos com tempos iguais no rádio e na TV (o TSE deve punir as emissoras que estão entrevistando o candidato Bolsonaro sem dar o mesmo tempo ao candidato Haddad) e ainda há os debates, em que os dois candidatos podem disputar o eleitorado, mostrando quem tem mais preparo e melhores propostas para dirigir o país.

Ou é isso ou o jogo de cartas marcadas está jogado: na última semana de eleição os brasileiros receberão verdadeiro bombardeio de mensagens contra o PT, com fake news (como o kit gay e as mamadeiras com bico de pênis no primeiro turno) e votarão contaminados por isso, comprometendo a chamada "lisura do pleito".



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