Moro mandou Dallagnol exportar métodos ilegais da Lava Jato para a Venezuela, mostra Vaza Jato

Dallagnol e Moro com manchete da Folha sobre Venezuela

Nova reportagem sobre os vazamentos de fonte anônima para o site The Intercept Brasil, dessa vez em parceria com a Folha, mostra que o ex-juiz Moro queria que Dallagnol tornasse pública parte da delação de dirigentes da Odebrecht sobre a Venezuela, que atingiriam o governo Maduro.
"Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela", disse o juiz. "Isso está aqui ou na PGR?"
Ocorre que a divulgação de uma delação premiada tem que obedecer a certas regras, que seriam burladas pelo grupo com o objetivo de atingir o governo venezuelano e prejudicar ainda mais a Odebrecht.
O acordo fechado pela Odebrecht, assinado com autoridades brasileiras, dos Estados Unidos e da Suíça, estabelece que as informações só podem ser compartilhadas com investigadores de outros países se eles garantirem que não tomarão medidas contra a empresa e os executivos que se tornaram delatores.
Em resposta a Moro em 2017, Deltan indicou que os procuradores buscariam uma maneira de contornar os limites do acordo e comunicou a intenção de mover uma ação pelo crime de lavagem de dinheiro internacional. "Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos", acrescentou o procurador.
Moro retrucou demonstrando que estava mais preocupado com a divulgação das informações da Odebrecht do que com a possibilidade de uma ação judicial. "Tinha pensado inicialmente em tornar público", escreveu a Deltan. "Acusação daí vcs tem que estudar viabilidade."
Ou seja: se virem.

O pedido de Moro foi bastante discutido entre os procuradores, que sabiam dos riscos e desdobramentos que a divulgação ilegal poderia causar.
Membros do grupo expressaram preocupação com os riscos. "Vejam que uma guerra civil lá é possível e qq ação nossa pode levar a mais convulsão social e mais mortes", escreveu Paulo Galvão. "Imagina se ajuizamos e o maluco manda prender todos os brasileiros no território venezuelano", disse Athayde Ribeiro Costa.
Mas o objetivo político de Moro, Dallagnol e da Lava Jato são expostos em trecho de Dallagnol na reportagem da Folha, em resposta ao procurador Galvão:
"PG, quanto ao risco, é algo que cabe aos cidadãos venezuelanos ponderarem", escreveu em resposta à mensagem de Galvão. "Eles [venezuelanos] têm o direito de se insurgir."
Para Deltan, objetivos políticos justificavam a iniciativa. "Não vejo como uma questão de efetividade, mas simbólica", afirmou aos colegas. "O propósito de priorizar [a ação] seria contribuir com a luta de um povo contra a injustiça, revelando fatos e mostrando que se não há responsabilização lá é pq lá há repressão."
Os objetivos políticos da Lava Jato ficam claros nesta reportagem: destruir a Odebrecht, que disputava e vencia concorrências de grandes obras com empreiteiras pelo mundo, e os governos de esquerda com grandes reservas de petróleo, como Brasil e Venezuela.

Estamos pagando o preço dessa aventura, que trouxe ao poder Bolsonaro e Moro, como seu ministro da Justiça.

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