A Fome e o Medo. Livro do Mello completa 20 anos, mais atual do que nunca

Capa de A Fome e o Medo, de Antonio Mello

Livro completa 20 anos e lanço e-book com edição especial


Escrevi A Fome e o Medo em 1998 e ele foi publicado em 1999, há 20 anos.

O livro é uma ficção criada a partir de uma frase do geógrafo brasileiro Josué de Castro: "Haverá um dia em que os pobres morrerão de fome e os ricos, de medo".

Em A Fome e o Medo esse dia chegou. Desempregados e famintos, bilhões de habitantes do planeta se unem e formam a DEMU - Desempregados do Mundo Uni-vos para representá-los, e fazem um documento com suas reivindicações aos presidentes dos conglomerados que dominam a vida no planeta.

A Fome e o Medo é esse documento.

Sobre o livro, o escritor e professor Gustavo Bernardo escreveu uma resenha, publicada no caderno Ideias, do Jornal do Brasil, de 5 de Fevereiro de 2000, de que reproduzo trecho a seguir:
A Fome e o Medo, de Antonio Mello, é sem dúvida um panfleto e dos mais agressivos, que parte da seguinte metáfora: os desempregados, que se tornaram Legião, resolvem criar a Demu ― Desempregados do Mundo Uni-vos.

(...) Nele, Mello dá estilo a sua ironia, propondo trocar a revolta iminente dos desempregados do mundo inteiro por serviços de que os Senhores já usufruem às escondidas, poucas vezes incomodados por pontinhas de culpa, mas a partir de então às claras e sem a menor culpa.

Entre os serviços oferecidos se encontram: a compra de desempregados, peças inteiras ou aos pedaços, para transplantes de órgãos; variações e delícias sexuais, com crianças, com adultos, com idosos e "em geral"; lutas de vida ou morte, homens contra homens, mulheres contra mulheres, homens contra mulheres, animais contra animais, homens contra animais; finalmente, sabotagens, sequestros, assassinatos, terrorismo e atividades afins, principalmente contra outros Senhoríssimos.

A ameaça da inusitada Associação de desempregados contra seu destinatário se redige ironicamente de maneira mais formal e gentil possível hipertrofiando o efeito de horror.

"Se é para melhorar a vida de Vossos filhos, por que não usar os nossos como cobaias? Por que esta ainda incompreensível, para nós, preferência de alguns de Vossos cientistas (felizmente, a maioria, discreta ou assumidamente, já nos utiliza há tempos), por que esta absurda preferência, como dizemos, de alguns de Vossos cientistas por ratos, cobras e similares, se nossas crianças podem substituir todos esses demais animais com inúmeras vantagens? Peguem nossas crianças, alimentem-nas como fazem costumeiramente com esses outros animais e verão como elas se transformarão nas melhores cobaias que poderiam ser utilizadas em vossos experimentos!"
O texto de A Fome e o Medo começa na capa:
Senhoríssimo Senhor:

Vossa Excelência, que é excelentemente temido, não tema. Nós, os desempregados, não pretendemos explodi-lo ― ao menos por hora. Abra A Fome e o Medo sem medo. Leia-o. Esta, advertimos, é a última tentativa de encontrarmos uma saída negociada para o impasse em que vivemos.

Sequestrar dois de Vossos filhos para tentar forçá-lo a ler este documento desesperado foi uma atitude infame, reconhecemos. Mas o que nos resta a nós da DEMU ― Desempregados do Mundo Uni-vos SA ― senão a infâmia, a covardia, a torpeza, a vileza?...

Dessa Vossa leitura, acredite-nos, depende não somente a vida de Vossos filhos, mas a dos nossos, as nossas e, até, desculpe-nos declarar, a Vossa. Por isso, Vos desejamos "boa leitura".
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