Guru da cloroquina de Bolsonaro chamou COVID-19 de gripezinha, questiona aquecimento global e vacinação em massa
Quem é o polêmico cientista francês difusor da cloroquina
Didier Raoult é o nome do cientista francês responsável pela divulgação de que a hidroxicloroquina é eficaz no enfrentamento da COVID-19.
Mas, antes dessa afirmação tão contestada pelo pequeno número de testes (foram apenas 26 pacientes, sendo que seis abandonaram o tratamento antes do fim - um inclusive por morrer) e pela falta de outros procedimentos científicos em sua aplicação, o Dr. Raoult coleciona outras polêmicas.
Há dois meses, em 21 de janeiro, ele desdenhou da COVID-19:
Você sabe, este é um mundo louco. O fato é que algumas pessoas morreram por causa do coronavírus na China, não me sinto tão preocupado. É verdade que o mundo ficou completamente louco, ou seja, se algo está acontecendo onde há três chineses que estão morrendo e isso se torna um alerta mundial, a OMS se envolve, está no rádio e na televisão... [...] eu não sei, as pessoas não parecem ter nada com o que se preocupar, então tentam encontrar algo com o que temer na China, só porque são incapazes de enfrentar o que poderiam ter medo se ficassem na França. É isso, isso não é sério.No dia 1 de fevereiro foi além:
Este vírus não é tão ruim, não é um assassino cego. A taxa de mortalidade, estimada hoje em torno de 2%, equivalente a qualquer pneumonia viral encontrada no hospital, provavelmente diminuirá quando os casos que não apresentaram sintomas forem levados em consideração. Sem ser presciente, duvido que o vírus chinês cause um aumento muito significativo nas mortes por pneumonia, pelo menos aqui na França.A França tem hoje mais de 100 mil infectados e 10 mil mortes pela COVID-19.
Em 25 de fevereiro ele anunciou que havia descoberto a cura da COVID-19: - "Coronavírus, Fim de jogo", com o uso da cloroquina.
Sob intensa crítica da comunidade científica internacional, voltou atrás e trocou o título de seu anúncio para "Coronavírus: uma saída da crise?", trocando a afirmação pela indagação.
No mesmo dia, Raoult deu uma entrevista ao jornal La Marseillaise, intitulado: “O coronavírus não é mais perigoso que uma gripe sazonal”. Mais uma vez, diante das evidências, o título teve que ser alterado e, em 18 de março de 2020, tornou-se "Para combater o coronavírus, é necessário um diagnóstico eficiente".Na entrevista, desdenhou mais uma vez da força da COVID-19, citando também a Itália:
Você sabe, na Itália há mais mortes por acidentes de scooter do que por coronavírus. Essa psicose e frenesi da mídia vêm da sensibilidade da raça humana ao risco de extinção. [...] Se você considerar novos casos, a taxa de novas infecções está abaixo de 1% no momento, o que é muito baixo e sugere que a epidemia está chegando ao fim". [Fonte]A Itália tem hoje mais de 135 mil casos confirmados e mais de 17 mil mortos.
Nada disso nos autoriza a desacreditar de suas palavras. Mas que ele parece ser ao menos um azarado, parece.
Em 2006, ele e sua equipe foram suspensos por um ano pela American Society for Microbiology, nas revistas editadas pela sociedade, por suspeita de fraude. O caso foi revelado pela revista Science, em 2012.É nesse homem que Bolsonaro quer colocar a vida de todos os brasileiros.
Um ano depois, Raoult resolveu se envolver em uma encrenca científica ao expor seu ceticismo sobre as mudanças climáticas. Disse então que as previsões sobre o aquecimento global eram absurdas. Também afirmou que o buraco na camada de ozônio estaria resfriando o globo.
Em 2018, publicou o livro La Vérité sur les vaccins (A Verdade Sobre as Vacinas) e voltou a causar polêmica. Na obra, ele critica a política de vacinação obrigatória da França. [Estadão]
Vai nessa?
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