Para brasileiros, corruptos são os outros

(Já fiz esta postagem aqui, mas não custa repeti-la, principalmente por causa do aumento do número de novos visitantes.)

Pesquisa do Ibope, sob título "Corrupção na Política: Eleitor Vítima ou Cúmplice", mostra resultados mais ou menos esperados, corroborando aquilo que o senso comum pensa sobre o assunto. Na pesquisa, buscou-se saber como o brasileiro vê a si mesmo, seus conhecidos, os brasileiros em geral, e os políticos em particular, em relação à ética.

Quando fala de si mesmo, o indivíduo brasileiro se considera trabalhador (opção de 94% dos entrevistados), honesto (97%), solidário (94%), um altruísta, pois sua ação visa mais o bem-estar da sociedade que seu próprio benefício (65%). É ético, tem horror à desonestidade, mas paga uma cervejinha para um guarda, de vez em quando, porque ninguém é de ferro, o calor está de rachar e a multa é alta... Compra também alguns CDs ou objetos pirateados ou contrabandeados, afinal, está tudo muito caro...

Quando analisa seus familiares e conhecidos a avaliação é semelhante. A diferença fica no grau de honestidade, trabalho, altruísmo...Os conhecidos são sempre um pouco menos que eles em relação a todos os itens. Menos na cervejinha e nas compras de piratas, porque, sabe como é que é, os vizinhos em geral têm olho gordo...

Quando trata de analisar o brasileiro em geral, a coisa muda um pouco de figura. Eles também são solidários, trabalhadores e honestos – mas bem menos que o indivíduo. Uma diferença gritante é que os brasileiros em geral, segundo os pesquisados, agem somente pensando em seu próprio benefício (70% analisam assim). E têm uma ética confusa, bastante maleável, segundo seus próprios interesses. São capazes de trocar voto por dinheiro ou emprego, aceitam nepotismo - desde que o empregado seja de sua família etc. Mais ou menos como na antiga lei de Gérson, buscam levar vantagem em tudo, certo?

Já para os políticos estão reservados os piores papéis. São preguiçosos (73%), egoístas (81%), desonestos (82%), agem pensando em seu próprio benefício (87%). Mas também não se pode negar que os políticos trabalham duro para conseguir essa alta performance...

A leitura do calhamaço (são exatas 400 páginas), como se vê, não traz novidades... Mas deixa no ar uma pergunta: se os indivíduos se acham ótimos, por que não fazem o mesmo julgamento da sociedade, que é o conjunto desses mesmos indivíduos? Talvez esteja aí a raiz de nossos problemas.

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