Ataque a Palocci agora é igual ao do comercial da campanha de Marta 'Afinal, quem é Kassab?'. Só favorece a oposição

A oposição impressa e televisiva já recolheu as armas no ataque a Palocci. Deixou o ataque para o fogo amigo. Observam de camarote a luta interna para ver quem causa mais prejuízo ao governo atacando Palocci.

Curioso é que o ministro não é acusado de nada pela "grande imprensa". Eles só dizem que ele ganhou muito dinheiro. A conclusão e o pedido da cabeça do ministro são feitos por gente de dentro do governo ou apoiadores. E pelos partidos de oposição, sem rumo e sem projetos, à procura de uma causa.

Este momento está me lembrando um outro que aconteceu durante a campanha de Marta à prefeitura em 2008. Foi produzido um comercial que objetivava fazer as pessoas pensarem melhor na hora de votar.

Kassab já estava à frente nas pesquisas, embora fosse uma pessoa absolutamente desconhecida do eleitorado, um operador de bastidores, que havia sido vice de Serra e herdara a prefeitura.

O título do comercial era "Afinal, quem é Kassab?". O reproduzo a seguir, quase três anos depois, para os que não se recordam, não assistiram, e também para os que se lembram e foram radicalmente contra sua realização.

O comercial era brilhante e o defendi aqui, embora a maioria da blogosfera o atacasse acusando-o de preconceituoso, dizendo que levantava suspeita sobre a (homos)sexualidade de Kassab etc.



Reproduzo o texto:

Você sabe mesmo quem é o Kassab?
Sabe de onde ele veio?
Qual a história do seu partido?
De quem foi secretário e braço direito?
De quem esteve sempre ao lado, desde que começou na política?
Se já teve problemas com a justiça?
Se melhorou de vida depois da política?
É casado? Tem filhos?
Já que ele não informa nada, não é mais prudente se informar melhor sobre ele?
Para decidir certo é preciso conhecer bem.

São perguntas que um pai ou uma mãe fariam a seu filho ou filha que diz estar namorando, por exemplo. Ou que um patrão faz normalmente para admitir um funcionário.

Como parece que jornalistas, blogueiros de São Paulo sabem (ou acham) que Kassab é gay, caíram de pau em cima do comercial, destacando que jamais poderia ser feito pela campanha de uma sexóloga.

O comercial foi retirado do ar. Marta disse que não havia participado da decisão de produzi-lo.

E Kassab? Deitou e rolou. Virou vítima até para esse pessoal que enxergou preconceito contra ele. E se elegeu.

O mesmo acontece agora com Palocci. Atacam e enfraquecem o ministro - e, por tabela, o governo - sendo que ele não é acusado de nada, e colocou, segundo diz, tudo em sua declaração de imposto de renda.

Ah, mas não é ético. Mas falar em ética com uma imprensa que manipula, distorce, mente, omite, falsifica. Que é capaz de acusar Lula pelo assassinato das vítimas da TAM em Congonhas. Que coloca uma ficha falsa de Dilma na parte superior da primeira página do jornal. Como eles ainda conseguem produzir agenda setting sobre moral e ética entre nós que conhecemos seu jogo?

Por que se ataca o PIG e ao mesmo tempo se faz o jogo dele? Eles querem atingir o governo da presidenta Dilma. Querem uma negociação mais camarada para os ruralistas endividados e caloteiros (que Palocci, por decisão de Dilma, estava contrariando). E desse jeito vão acabar levando. Com o auxílio luxuoso de "indignados úteis" que antes eram massa de manobra de um lado e agora parece que viraram para o outro.

Temos que ter muito firme na mente quem são nossos aliados. Mas, principalmente, quem são nossos adversários. Qualquer auxílio a eles é gol contra. Por isso critiquei o discurso da presidenta na festa da Folha. Alimentar o PIG é enfraquecer o governo.

O resto é com Palocci, que está bem crescidinho, rico e tem como se defender. Se algo for provado contra ele, que pague pelo erro. Mas o jogo do PIG eu não faço.

Ou acaba acontecendo com em São Paulo: entra Kassab. Entra Serra.

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